CONVERSA POLÍTICA
5x2: Bolsonaro ficou inelegível porque, com espírito autocrático, achava que podia tudo
Cinco ministros e ministras votaram no julgamento, que acabou nesta sexta-feira (30), a favor pela ilegibilidade: Benedito Gonçalves (relator), André Ramos, Floriano de Azevedo, Cármen Lúcia e Alexandre de Morais. Votaram contra Nunes Marques e Raul Araújo Filho.
Publicado em 30/06/2023 às 14:31 | Atualizado em 30/06/2023 às 15:01
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou inelegível por oito anos porque achava que, com espírito golpista, podia tudo. Não podia. "Morreu pela língua" em ato autocrático, na democracia, em período pré-eleitoral. Caiu por abuso de poder político e conduta vedada.
Como presidente, com poder nas mãos, tentou ser maior que as instituições que sustentam a democracia brasileira. Ancorou-se em notícias falsas para alimentar apoiadores, simpatizantes, e manter vivo seu populismo.
Diferentemente do que ele e seus cegos seguidores dizem, ele não está sendo perseguido. Não há uma conspiração. Aliás, durante quatro anos, ele fez tudo o que quis, diante de uma procuradoria-geral da República omissa e conivente.
Agora, sem a caneta, tirada pela maioria da população, sem fraude, paga a conta. E, nesse caso, terá como recorrer, mas não se resolve com pix.
Na reunião com embaixadores, dois meses e meio antes da eleição, no ex-presidente usou a máquina presidencial, espaço, cerimonial e meios de comunicação oficial, para atacar o sistema eleitoral brasileiro.
Sem provas, sem fatos. O mesmo sistema que o elegeu presidente e o que o colocou no parlamento por quase quatro décadas.
Cinco ministros e ministras votaram no julgamento, que acabou nesta sexta-feira (30), a favor pela ilegibilidade: Benedito Gonçalves (relator), André Ramos, Floriano Marques, Cármen Lúcia e Alexandre de Morais. Votaram contra Nunes Marques e Raul Araújo Filho.
Alexandre de Morais, o último a votar, desmontou a tese da defesa de que o encontro não tinha caráter eleitoral e não afetaria o resultado da disputa que aconteceria meses depois.
O então presidente da República que ataca a Justiça Eleitoral, que o elege há 40 anos, isso não é exercício da liberdade de expressão. Isso é conduta vedada e ao fazer isso utilizando do cargo do presidente da República, do dinheiro público, da estrutura do Alvorada, é abuso de poder", afirmou.
Favorável a Bolsonaro, Nunes Marques reconheceu que não há dúvidas sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro, atacado pelo ex-presidente. Mas argumentou que não houve intenção eleitoral ou abuso nos atos do ex-presidente.
"Considero que a atuação de Jair Messias Bolsonaro no evento sob investigação não se voltou a obter vantagem sobre os demais contendores no pleito presidencial de 2022. Tampouco faz parte de tentativa concreta de desacreditar o resultado da eleição", afirmou.
Recurso
Mesmo condenado no TSE, Bolsonaro pode recorrer à própria Corte ou ao Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do ex-presidente já sinalizou que pretende recorrer da condenação.
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