No Ceará, Azevêdo e outros governadores do NE vão 'cobrar' de ministro expansão de linhas de transmissão

O governador João Azevêdo (PSB) e os outros gestores dos estados nordestinos participam, nesta sexta-feira (05), de mais uma reunião do Consórcio Nordeste, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, a partir das 11h.

Desta vez, eles têm um encontro com o ministro de Minas e Energia do governo Lula, Alexandre Silveira.

Os governadores esperam do ministro um compromisso do governo federal com a expansão das linhas de transmissão de energia na região e, ainda, com as modificações na legislação para evitar que investimentos em energias renováveis migrem para outras regiões.

O potencial no Nordeste no setor e seus obstáculos para o crescimento serão o tema central do encontro.

A reunião no Ceará será o terceiro encontro do grupo desde a posse dos novos governadores, no início do ano. No dia 20 de janeiro e, semana passada, dia 28 de abril, eles se reuniram em João Pessoa. O governador da Paraíba, João Azevêdo, é o atual presidente do Consórcio.

O Conversa Política apurou que o evento desta sexta (05) será aberto pelo anfitrião, o governador do Ceará, Elmano de Freitas; em seguida fala João Azevêdo, presidente do Consórcio.

A programação continua com a participação do ministro, seguida da apresentação do "Plano de Investimentos em Transmissão de Energia", pelo secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral.

Depois a palavra será facultada aos governadores.

Energias renováveis e NE 

Semana passada, em João Pessoa, os gestores externaram a preocupação com a perda de recursos privados por causa da infraestrutura saturada de transmissão de energia.

Segundo o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), em entrevista coletiva, esse é o grande gargalo para ampliar a participação do Nordeste na geração desse tipo de energia, fundamental para mudança da matriz elétrica brasileira e, claro, para “desembarque” de investimento privado nos nove estados nordestinos, ricos em sol e vento.

Para evitar que empresas já autorizadas implantar parques e usinas solares no NE mudem para outras regiões, os gestores querem ampliação do prazo de autorização das outorgas, já que a construção de novas linhas pode ser maior.

O governo federal vai anunciar para que esse ano ainda se realiza e leilões e soltando os editais para construção dessas linhas de transmissão. Entretanto, existe uma desconformidade entre o prazo de construção de linha que a própria Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai liberar, que será de 60 meses, com a exigência da conclusão da geração que deverá ter, pela regra de hoje, até 2026″, disse na coletiva.

Consórcio

O Consórcio Nordeste foi criado em 2019 como uma espécie de ferramenta de gestão para os nove governos estaduais.

Ele permite realizar compras compartilhadas em larga escala de produtos comuns aos estados, além de fortalecer as articulações políticas da região junto ao Governo Federal e ao Congresso Nacional.

Hoje, foi publicada no Diário Oficial da Paraíba, criação de Câmara Temática do grupo; a de energias renováveis.

Entre os objetivos também estão modernizar a infraestrutura de exploração dos recursos naturais da região, atrair investimentos internos e externos, modernizar a gestão dos estados membros.

Além disso, a integração dos estados, segundo os governadores, facilita a articulação política com o governo federal e colabora na hora de negociar com empresas e investidores.

Sistema saturado 

Na última reunião do grupo, em João Pessoa, um dos especialistas na área trouxe dados que revelam o descompasso entre investimento e preparação da estrutura para distribuição da energia.

Desde 2014, o investimento em energia eólica, por exemplo, cresceu em média 31% ao ano. O crescimento da energia solar passou dos 124% ao ano, mas o aumento das linhas de transmissão não passou de 5%, em média, nos último anos.

Outorgas 

De acordo com consulta do Conversa Política, em painel de dados da Aneel, o Nordeste tem mais de 71 mil MW de projetos autorizados para construção para os próximos anos. Quase 19 mil MW de eólica e 52,2 mil MW de projetos de energia solar.

Na Paraíba, são projetos de quase 4 mil MW, sendo 2,5 solar (58 fazendas) e 1,3 mil MW eólica (42 parques). No total 100 projetos autorizados, mas ainda sem construção iniciada.

Segundo especialistas 1 MW abastece pelo menos 500 residências com até quatro moradores.

Para se ter uma ideia, com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, Itaipu fornece 8,7% da energia consumida no Brasil e 86,4% no Paraguai.