CONVERSA POLÍTICA
Eleições 2022: a tese de Ricardo Coutinho como "puxador" de votos numa eventual candidatura à Câmara dos Deputados
Publicado em 07/02/2022 às 9:14 | Atualizado em 07/02/2022 às 14:41
Na prática, e nas contas de muitos especialistas em direito eleitoral, o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) está inelegível. Por apenas três dias, não pode se candidatar a nada nas eleições de outubro.
A condenação do TSE por irregularidades no ano da reeleição, em 2014, o impede a entrar na disputa por 8 anos.
Então, a partir de 6 de outubro (um dia após o primeiro turno de 2014) já está totalmente elegível. Terá, portanto, mais dois anos de espera até 2024. Até lá, pode perder os direitos políticos de novo. Não falta quem deseje isso.
O ex-governador ainda não tem condenação colegiada na Operação Calvário (mesmo com várias denúncias) e ainda não teve as contas reprovadas pela Assembleia Legislativa.
Aí nasce uma tese. Há quem diga que, se eleito, como forma de gratidão, o ex-presidente Lula o protegerá com o foro privilegiado de ministro de estado. Levaria todos os processos contra ele para Brasília. Tese.
Mas Ricardo já mostrou que gosta de ser dono do próprio destino, por isso tem um grupo mais próximo que é alimentado, dorme e acorda com a esperança de que ele será candidato, vai para o embate, mesmo subjudice. Tenta no STF, inclusive, reverter a inelegibilidade imposta pelo colegiado do TSE.
Um mandato, com aval popular, seria a melhor solução.
Como ser candidato nessa condição, mesmo sendo Ricardo Coutinho, não é fácil, há uma ala de aliados petistas que diz que sua candidatura ao Senado é um risco desnecessário, criando obstáculos maiores para ele e para o partido.
Entre os que pensam diferente está o presidente estadual do Jackson Macedo. Ao Conversa Política foi econômico e direto:
Descartado. Ele é candidato ao Senado", afirmou.
A confiança é a de que Lula o impulsione na disputa.
Segundo cenário
Outra tese. Aliados com outro pensamento, pensam que na remota possibilidade de ele ser candidato, que seja para a Câmara dos Deputados.
Inicialmente, deixaria aberta a vaga de senador para um partido aliado, da federação ou não. Não arriscaria ir para uma segunda derrota. A primeira foi um sexto lugar para prefeito de João Pessoa, em 2020, com quase 40 mil votos.
Em compensação, segundo o grupo, se buscar um vaga como deputado federal, seria o puxador de votos da esquerda. Com possibilidade real de ganhar, acreditam.
Mesmo com o "baque" eleitoral da Calvário ainda teria votos suficientes, um bom capital na urna, para turbinar as candidaturas do grupo, se eleger e ajudar na eleição de, pelo menos, mais dois deputados federais petistas e algum outro do grupo. Lembrem: são teses. Tem que combinar com o povo.
De qualquer forma, o debate e as conjecturas estão na mesa porque assim RC ajudaria a fortalecer a base petista na Câmara Federal, numa eventual gestão do ex-presidente Lula.
A história recente já mostrou que não basta ser só presidente, tem que ter um parlamento aliado. Se não, será necessário recorrer, sob risco de não governar, as formas como Mensalão, Petrolão, Centrão e outros métodos que pavimentam uma estrutura (frágil) de poder.
As decisões sobre as federações partidárias e sobre quem será o candidato ao governo pelo grupo serão fundamentais para o planejamento ser anabolizado.
A tese, no entanto, continua sendo alimentada. Serve como plano, como balão de ensaio ou será uma possibilidade concreta.
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