CONVERSA POLÍTICA
Entrevista: desembargador Leandro dos Santos detalha investigação do "caso Raymundo Asfora" em livro
Publicado em 09/08/2021 às 15:41 | Atualizado em 03/09/2021 às 14:59
Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES
O grande juiz do caso será o leitor. É assim que o desembargador Leandro dos Santos acredita que o seu texto vai chegar a quem demonstrar interesse em conhecer mais sobre a investigação da morte do político paraibano Raymundo Asfora, aos 56 anos.
Asfora foi encontrado morto no dia 06 de maio de 1987, nove dias antes de tomar posse como vice-governador. Até ali, tinha sido vereador de Campina Grande, vice-prefeito, deputado estadual e federal.
Foram 26 anos de investigação. Em 2013, os acusados foram absolvidos por falta de provas no envolvimento, mas após a análise dos melhores peritos dos país se concluiu que ele foi assassinado.
Um crime perfeito? Essa é uma pergunta que o desembargador diz que o leitor vai ter que encontrar resposta nas quase 350 páginas da obra, editada pelo professor e escritor João Trindade.
O livro é uma publicação conjunta da Ideia Editora com a Trindade Editorial.
"Ser editor era um grande sonho; e estrear com um livro cuja temática é explosiva e já desponta como campeão de vendas, antes mesmo do lançamento, é, deveras, gratificante", comentou o professor Trindade.
Em entrevista ao Conversa Política, o desembargador afirmou que não faz juízo de valor do caso, não entra no mérito, mas a descrição de cada tese defendida, dos laudos, das versões, vão envolver o leitor.
"São duas teses antagônicas (suicídio e assassinato) e, por um dever de fidelidade ao leitor, não tenho interesse em relação ao caso concreto [...] então o que é que eu fiz? Eu mostro o que existe em relação a uma tese e o que existe em relação a outra tese. Aí, eu faço comentário sobre as duas teses", explicou.
Ele lembra que é inevitável que fique na escrita um pouco de suas impressões, mas o objetivo é que em cada página o leitor vá formando sua opinião sobre o caso polêmico.
Leandro dos Santos garante que deixou a linguagem jurídica de lado, para que a leitura fique leve e de fácil compreensão.
A ideia do livro surgiu em março de 2020, quando teve início a pandemia. O desembargador, que foi juiz do caso, resolveu revisar minuciosamente os documentos e se estimulou a escrever sobre a história que sobrevive sob a polêmica. "Eu tenho certeza absoluta que o leitor, ao final, ele vai ter a convicção sobre uma ou sobre outra tese", explica. Confira o primeiro trecho da entrevista:
O desembargador destaca a importância de Asfora para a política da Paraíba. Apesar de ter nascido no Ceará, chegou em Campina Grande ainda pequeno. Era apaixonado pela cidade. Fez carreira na política e passou a ser reconhecido pela oratória, pelo gosto pela boêmia, boa conversa e amizades.
"O melhor adjetivo que cabe a Asfora é "tribuno". Ele era um a orador fenomenal. Ele encantou o Congresso Nacional enquanto deputado federal. Exatamente pelo sua verve, a sua oratória perfeita. Era um homem de uma inteligência incomum e sua trajetória política também nos revelou um homem dedicado a sua causa política, ao princípios que defendia", afirmou.
O lançamento será feito virtualmente na próxima quinta-feira (12), mas também está previsto um lançamento presencial, em Campina Grande, em março do ano que vem, 35 anos depois da morte de Asfora.
O desembargador antecipou ao Conversa Política que a nova obra já está em fase de pesquisa. O próximo livro trará um registro histórico da investigação do assassinato de Margarida Maria Alves, caso que também foi acompanhado por Leandro do Santos, como juiz à época. Confira a segunda parte da conversa com o desembargador Leandro dos Santos:
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