João Azevêdo 'bloqueia' jogada dos oponentes no xadrez político para Eleições 2022

Por ANGÉLICA NUNES

Após o rompimento com o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), muito se falou das dificuldades que o governador João Azevêdo (Cidadania) teria para sobreviver politicamente, principalmente para uma eventual reeleição. Em duas jogadas no xadrez político, esta semana, João mostrou que não só está pronto para antecipar o jogo de 2022, como também aprendeu a se posicionar na partida.

Uma das jogadas simbólicas foi ir pessoalmente a Brasília conversar com o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, obter o aval para apoiar o ex-presidente Lula, em sua virtual candidatura à presidência da República no próximo ano. Apesar do risco de tirar do palanque figuras consideradas bolsonaristas/governistas, como Efraim Filho (DEM), e de anti-lulista, como Julian Lemos (PSL), a estratégia tem mira mais além.

Ao deixar o caminho livre para Lula, João Azevêdo acaba minando as chances de ter o petista no palanque de uma pretensa terceira via da esquerda, como do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), e até mesmo Ricardo Coutinho (PSB), embora se saiba que Lula tem uma dívida histórica com ele devido ao apoio no período pré-prisão em Curitiba. No peso da disputa, o petista pode preferir conquistar os votos moderados que João tem, pois os da esquerda são tecnicamente já certos.

Para encerrar a "jogatina da semana", João Azevêdo deu um xeque no ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, ao trazer para si o atual, Bruno Cunha Lima (PSD). A reunião administrativa, em tom republicano, pegou bem para a imagem de ambos. Os dividendos, fazendo projeções para 2022, podem ir muito mais do que na esfera administrativa, para João.

O clima de afinidade, de certa forma midiática, tem o condão de inibir qualquer crítica que Romero, de olho na cadeira, venha fazer à suposta capacidade de diálogo do governo estadual com Campina. Impede, por exemplo, o discurso de que o governador não tem olhado, investido na cidade. Bloqueia também os aliados que venham a questionar a sintonia. Críticas nesse sentido podem pesar na opinião pública com tom de mesquinhez.

Muitos movimentos no tabuleiro político ainda estão por vir. As peças do jogo têm tentado se encaixar em busca da melhor jogada. O governador João Azevêdo, que terá seu teste nas urnas como líder da partida, pelo visto, já deu o 'start' na partida.