CONVERSA POLÍTICA
João espera diálogo com Lula e facilidade em obter empréstimos
Como presidente do Consórcio Nordeste, o governador reeleito da Paraíba espera ter uma relação "mais republicana" com novo Presidente.
Publicado em 26/12/2022 às 9:19 | Atualizado em 04/10/2023 às 10:03
Como presidente do Consórcio Nordeste, o governador reeleito da Paraíba João Azevêdo (PSB) espera ter uma relação "mais republicana" com o governo Lula, a partir de 2023.
As conversas com o futuro governo, segundo falou em entrevista ao jornalista Carlos Madeiro, Colunista do UOL, avançaram nas últimas semanas mais do que nos quatro anos do governo Bolsonaro.
O foco para o futuro é na ampliação do Turismo e na produção de energias renováveis, vocações naturais do Nordeste. Um caminho defendido por João Azevêdo é que o governo federal facilite o processo de empréstimos junto aos bancos públicos nacionais, que possuem linhas de créditos especiais, como a Caixa Econômica e o Banco do Nordeste.
Na entrevista, João Azevêdo comentou que a Paraíba teve dificuldades com o governo Bolsonaro devido à posição política que adotou em 2018 e ratificou em 2022. Isso, atribui o governador, refletiu-se na dificuldade de conseguir empréstimos com entidades financeiras nacionais, mesmo com a nota "A" do Tesouro Nacional, com uma gestão fiscal e financeira estável.
Ao mesmo tempo, conseguimos com o Banco Mundial, com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que têm até nível de exigência maior. Assinamos quatro empréstimos internacionais, e nem um único com a Caixa porque sempre se criavam dificuldades. Definitivamente não houve, por parte do governo federal, interesse em uma relação minimamente republicana com o Nordeste", disse.
Recentemente o governador conseguiu aval da Assembleia Legislativa para contrair dois empréstimos internacionais. Um no valor de até U$ 60,94 milhões (R$ 320,89 milhões, considerando a cotação do dólar atual em U$ 5,26) é junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e outro junto à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), com garantia da União, no valor de até €$ 33 milhões de euros (R$ 184,77 milhões de reais, considerando a cotação da moeda atual em €$5,59).
Outro problema apontado por ele por causa da posição política é no acesso às verbas federais para além das obrigatórias pela Constituição. "Com o orçamento secreto, os ministérios praticamente ficaram sem investimentos. A gente procurava e sempre perguntavam se tínhamos emenda para colocar e fazer o projeto. A capacidade do governo federal ficou limitada. Tanto que você não teve nenhum grande programa de investimento, de habitação, de infraestrutura, de desenvolvimento social. Por isso, nossas idas a Brasília diminuíram significativamente porque não havia apoio para os projetos", disse.
Acesso aos bancos
João Azevêdo afirmou que o governadores sabem que o governo terá dificuldade pela insuficiência do orçamento da União e sugerem o uso de linhas de financiamento com os bancos estatais, que têm um rito de aprovação muito mais rápido. "Assim os estados poderiam, dentro das limitações, acessar a créditos em 2023. E levar em consideração usar o banco do BRICS [grupo econômico composto por cinco países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], que é coordenado por um brasileiro", explicou.
"Eu defendo também que o Banco do Nordeste use parte do seu fundo institucional de desenvolvimento para empréstimos aos estados, já que hoje só financia empresas privadas ou no máximo empresas públicas. Demos a proposta de que pelo menos 30% seja destinado aos estados para investimentos, o que daria em torno de R$ 15 bilhões", completou.
Reunião com governadores
A expectativa do governador é que em janeiro tenha uma reunião com todos os governadores reeleitos e novos para definir, de forma colegiada e consensual, os caminhos que o consórcio precisa trilhar em 2023.
"Tivemos uma reunião com o presidente Lula, e ele já agendou outra para janeiro com todos os governadores do Brasil. Especialmente no Nordeste, tivemos uma reunião na qual colocamos expectativas que temos da gestão dos próprios órgãos regionais: Banco do Nordeste, Chesf, Codevasf, Sudene. Eles precisam estar definitivamente afinados com os estados nordestinos", pontuou o governador.
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