CONVERSA POLÍTICA
Lá vai Eduardo Carneiro, amigo do sorriso paciente
Publicado em 02/05/2021 às 11:04 | Atualizado em 30/08/2021 às 18:12
Por ANGÉLICA NUNES
"Lá vem ela". Era assim que eu era sempre recebida por Eduardo Carneiro quando chegava esbaforida para cobrir uma pauta da prefeitura de João Pessoa. Ele sabia que eu vinha com demandas que poderiam desagradar a claque de Cartaxo, fazer perguntas difíceis e fora da curva.
Em meio aos olhos, às vezes tensos, mas sempre solícitos da equipe, ele sempre dava um jeito de destravar a minha matéria. Mesmo quando a demanda era dura, seu sorriso aberto e sincero me convencia de que, apesar de ser assessor, pulsava nele o jornalista ético e compromissado com a notícia. Me rendia.
Assim, Eduardo estava fácil na lista de prediletos dos 'repórteres de rua' que, como eu, vive de aperrear por um furo, uma informação exclusiva, aquele algo mais sabe? Paciente. Sorridente e paciente. Assim posso definir Dudu.
Em nossas esbarradas no trabalho, sempre combinamos de fazer aquela noite da fofoca no Capitão Farinha. Fui adiando, veio a pandemia, acabei nunca indo. Isso me fez pensar, desde ontem, o quanto a vida é efêmera. O quanto não podemos deixar aquela lista de desejos criando poeira eternamente. O eterno não existe.
Demorei a assimilar a partida dele. Ainda ruminando que alguém tão bom e gentil parta sem que a gente tenha a chance de dizer o quanto ele era massa. O tanto que rezei no tempo em que esteve na UTI Covid por um milagre... Tantas expectativas frustradas... aguardava teu sorriso, que não virá.
Nesse domingo pálido, triste, só posso te agradecer, meu amigo. Nos ensinou em vida a ser sorridente e paciente. E na morte, nos ensina a vida.
"Lá vai ele".
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