CONVERSA POLÍTICA
Lula, governadores e chefe dos Poderes fazem ato simbólico em apoio à democracia
O encontro em Brasília foi encerrado com um ato simbólico, uma caminhada à sede do Supremo, que foi a mais danificada pelos vândalos no domingo (8).
Publicado em 10/01/2023 às 8:18 | Atualizado em 10/01/2023 às 8:47
Um dia após os atos golpistas que resultaram na depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores se reuniram com o presidente Lula (PT) para reafirmar a defesa da democracia e condenar tentativa de ruptura institucional no país. O encontro em Brasília, nesta segunda-feira (9), foi encerrado com um ato simbólico, uma caminhada à sede do Supremo, que foi a mais danificada pelos vândalos no domingo (8).
Participaram da reunião todos os governadores ou vices dos 26 estados e do Distrito Federal, dentre eles o governador João Azevêdo (PSB). O paraibano destacou a necessidade de fortalecer a democracia.
Das cenas de intolerância, violência e destruição a um momento histórico, de diálogo e união entre os 27 governadores, o presidente da República, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, deixando as diferenças políticas de lado para colocar como prioridade máxima a defesa da nossa soberania e da vontade popular. Um momento em que todos pudemos demonstrar o nosso compromisso com a democracia, com a reunificação e os avanços do nosso país. Estaremos, mais do que nunca, atentos e fortes para que os atos como o de ontem não voltem a se repetir", destacou João.
Também estiveram no encontro os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado Federal em exercício, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), além da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e de outros ministros da Suprema Corte.
Desde domingo, o DF está sob intervenção federal na segurança pública. O decreto assinado pelo presidente Lula ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, o que ocorreu de forma simbólica na Câmara dos Deputados e ocorrerá nesta terça-feira (10) no Senado.
Financiadores
Em discurso aos governadores, o presidente Lula agradeceu pela solidariedade prestada e fez duras críticas aos grupos envolvidos nos atos de vandalismo.
Vocês vieram prestar solidariedade ao país e à democracia. O que nós vimos ontem foi uma coisa que já estava prevista. Isso tinha sido anunciado há algum tempo atrás. As pessoas não tinham pautam de reivindicação. Eles estavam reivindicando golpe, era a única coisa que se ouvia falar", disse Lula.
O presidente também voltou a criticar a ação das forças policiais e disse que é preciso apurar e encontrar os financiadores dos atos democráticos. "A polícia de Brasília negligenciou. A inteligência de Brasília negligenciou. É fácil a gente ver os policiais conversando com os invasores. Não vamos ser autoritários com ninguém, mas não seremos mornos com ninguém. Nós vamos encontrar quem financiou [os atos golpistas]".
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que que as investigações em curso devem resultar em novos pedidos de prisão preventiva e temporária, principalmente contra os financiadores.
Unidade
Presente na reunião, a ministra Rosa Weber, presidente do STF, também fez questão de enaltecer a presença dos governadores em um gesto de compromisso democrático com o Brasil. "Eu estou aqui, em nome do STF, agradecendo a iniciativa do fórum dos governadores de testemunharem a unidade nacional, de um Brasil que todos nós queremos, no sentido da defesa da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito. O sentido dessa união em torno de um Brasil que queremos, um Brasil de paz, solidário e fraterno".
Caminhada ao STF
Em outro gesto de unidade, após o encontro, presidente, governadores e ministros do STF atravessaram a Praça dos Três Poderes a pé, até a sede do STF, edifício que ontem também foi brutalmente destruído.
A ministra Rosa Weber garantiu que o prédio estará pronto para reabertura do ano judiciário, em fevereiro.
Perguntado sobre o reestabelecimento da democracia após deixar o local dos destroços, o presidente Lula disse que o governo vai trabalhar para descobrir os responsáveis pelo financiamento dos atos e que a destruição atende a interesses de uma minoria.
"A maioria das pessoas que votou no Bolsonaro, pessoas descentes, pessoas que são de direita, pessoas que têm apenas divergência ideológica, não concordam com o que aconteceu aqui. O que aconteceu aqui deve ser interesse apenas de uma minoria, de um bando de vândalos, um bando de bandidos que fizeram isso. Nós vamos descobrir quem é que financiou. Tem gente financiando, tem gente que pagou para vir aqui e tem gente que fomentou”, afirmou o presidente.
*com informações da Agência Brasil
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