CONVERSA POLÍTICA
'A mãe de todas as lutas': força e voz de mulheres na luta pela terra
Documentário 'A mãe de todas as lutas', de Susanna Lira, conta história Shirley Krenak e Maria Zelzuita, com assistência de direção e roteiro de Gretha Viana.
Publicado em 10/12/2021 às 16:31 | Atualizado em 27/02/2023 às 15:22
A arte sempre foi um fértil campo para a luta política, para a batalha contra as violências sociais e imposições culturais. É com esse espírito de grito artístico, de resistência, que o documentário "A mãe de todas as lutas" foi produzido.
O filme de Susanna Lira fala da luta pela terra através da história de duas mulheres, Shirley Krenak e Maria Zelzuita, e será exibido semana que vem no Fest Aruanda, em João Pessoa.
Com assistência de direção e roteiro assinados pela paraibana Gretha Viana, o documentário, de 85 minutos, mostra a missão de Shirley de honrar as mulheres e a sabedoria das Guerreiras Krenak, da região de Minas Gerais. A resistência dessas mulheres se confunde com a trajetória do progresso do capitalismo no Brasil. Também assinam o roteiro Susanna Lira e Muriel Alves.
É através das ações feitas por ela, e sua família, que Shirley reconecta o público com a perda do saber feminino no cercamento comunitário e nos conecta com a crescente perda do sentido histórico de nosso passado comum", diz o material de divulgação.
De acordo com as diretoras, em uma das passagens mais simbólicas do filme, Shirley, na beira do rio morto pelo Desastre de Mariana, realiza um ritual com sua filha Iná, ali elas geram memórias que irão possibilitar às novas gerações potencializar o protagonismo e a voz feminina.
O Desastre de Mariana ocorreu em 5 de novembro de 2015 e foi a maior tragédia ambiental da história do Brasil. O acidente foi provocado pelo rompimento da Barragem do Fundão, usada para guardar os rejeitos de minério de ferro explorados pela empresa Samarco.
Maria Zelzuita
Maria Zelzuita é uma das sobreviventes do Massacre de Eldorado dos Carajás e sua trajetória, de acordo com as diretoras, é ligada ao conceito da violência e apropriação do corpo feminino.
"Maria é o presente, é a mãe, a irmã, a prima, a amiga de qualquer um de nós. Ela é a mulher que migra em busca da esperança. Apesar de lutar por uma terra produtiva, ela também luta pelo sonho da construção de uma memória, de sua morada, de pertencimento e acolhimento, ligando-nos às lutas antes trazidas pelas ancestrais Krenaks", destaca texto de divulgação.
Memória e Aruanda
O documentário tem imagens de arquivo como recurso narrativo de ressignificação, acessando a memória do país através das imagens históricas, mas recontando sob uma ótica autoral.
"Através da Marcha das Mulheres Indígenas e da Marcha das Margaridas o filme encerra um retalho, onde cada luta em cada canto do Brasil tece uma nova história sobre o significado da palavra Terra para as gerações futuras", afirmam na divulgação.
O documentário será exibido em dois festivais na próxima semana, um deles é Fest Aruanda, aqui em João Pessoa. No dia 14, o filme será tema de debate no festival paraibano. Veja trailler:
Ficha técnica:
Direção: Susanna Lira
Autora da Obra Original: Susanna Lira
Produzido por: Susanna Lira e Tito Gomes
Diretora Assistente: Gretha Viana
Roteiro: Susanna Lira, Gretha Viana e Muriel Alves
Pesquisa de Personagem: Gretha Viana
Pesquisa de Imagens de Arquivo: Ítalo Rocha e Muriel Alves
Direção de Fotografia: Cícero Pedrosa, Rafael Mazza e Mayangdi Inzaulgarat Suárez
Trilha Original: Flávia Tygel
Produção: Modo Operante Produções
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