CONVERSA POLÍTICA
"O Ministério Público não trata ou se ocupa do pecador, mas do pecado", afirma chefe do Gaeco
Publicado em 29/05/2021 às 9:24 | Atualizado em 30/08/2021 às 18:10
Por ANGÉLICA NUNES e LAERTE CERQUEIRA
A decisão do ministro do STF, Gilmar Mendes, em remeter a ação contra o ex-governador Ricardo Coutinho, que tramita na 3ª Vara da Fazenda de João Pessoa, para a Justiça Eleitoral provocou uma série de questionamento nos órgãos de controle. O chefe do Gaeco, Octávio Paulo Neto, que conduz a Operação Calvário no âmbito do Ministério Público, comentou sobre a decisão. Para ele, ela é absolutamente normal, mas que merece reflexão.
"O Ministério Público não trata ou se ocupa do pecador, mas do pecado, do errado, de tudo aquilo que fere a lei e a justiça", afirma ele.
Octávio Paulo Neto atua à frente da Calvário desde quando ela foi deflagrada, em 2018, para desarticular a organização criminosa liderado por Coutinho que teria desviado recursos da Saúde e Educação, através de contratos com Organizações Sociais.
Para ele, a luta pela integridade não se faz de episódios, mas sim pela consistência, pela insistência, pela constância. "A corrupção causa ineficiência e desigualdade, é sintoma de um sistema político que está operando com pouca ou nenhuma preocupação com o interesse público mais amplo", enfatiza.
Ainda segundo o chefe do Gaeco, "esse esforço não pode ser nominal, uma vez que perseguições individualizadas não produzem uma verdadeira reforma. Apenas mudanças estruturais e de mentalidade é que resultarão no efetivo combate a corrupção, assim o caminho é longo e a luta intensa".
Em tese também compartilha a sua opinião, o Ministério Público Federal, que também ficou insatisfeito com a decisão de Gilmar Mendes e já recorreu da decisão. Para a sub-procuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, pois a denúncia atribui ao ex-governador crimes de corrupção passiva, fraude a licitação e peculato, não havendo a imputação de crime eleitoral.
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