CONVERSA POLÍTICA
13 de maio: Paraíba terá Observatório Antirracista
O objetivo é monitorar o comportamento da sociedade civil diante da questão, fazer denúncias, processar e apoiar vítimas do crime racismo.
Publicado em 12/05/2023 às 19:03
Foi lançado na manhã desta sexta-feira (12), na Câmara Municipal de João Pessoa, o Observatório Paraibano Antirracista (OPA).
O objetivo é monitorar o comportamento da sociedade civil diante da questão, fazer denúncias, processar e apoiar vítimas do crime racismo.
A sessão foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (PT) e reuniu representantes de movimentos sociais, Negros e Antirracistas da Paraíba, além de entidades como Ministério Público e Ordem dos Advogados.
Para o parlamentar, a população negra, maior parte do povo brasileiro, sofre com ataques racistas velados naturalizados, muitas vezes explícitos, e esse racismo que contaminou e se entranhou "nas vísceras do estado" ao ponto de se transformar em institucional precisa ser combatido e denunciado.
Desmistificar o conto do fim da escravidão é um dos objetivos do movimento para afirmar que a população negra é detentora de direitos historicamente negados”, declarou Marcos Henriques, salientando a necessidade de uma pauta propositiva de mudança e de combate ao preconceito.
No dia 13 de maio de 1988, há 120 anos, foi assinada a Lei Áurea, data oficial da "abolição da escravidão no Brasil", mas a assistente social Aline Martinelli, integrante do Observatório lançado durante a sessão, ressaltou a importância de repensar e ressignificar a data.
Nossa luta não começou ontem e nem começa hoje. Conscientes dos velhos problemas, apresentamos novas repostas”, comentou.
Segundo Stive Biko, coordenador do OPA, a Lei Áurea colocou milhares de seres humanos nas ruas, sem terras e sem nenhum projeto de inclusão social. O segundo maior país negro do mundo.
"O mundo inteiro percebe que no Brasil tem alguma coisa que está fora de ordem. O Observatório quer colocar essa situação na forma de projeto de indenização”, argumentou.
Desconstrução do 13 de maio
A secretária de Combate ao Racismo do PT, Socorro Pimentel, comentou sobre a criação do Observatório: “Desconstruir o 13 de maio é desconstruir uma história. É um momento marcante e histórico. Satisfação de ser uma preta neste momento”.
A Coordenadora do Projeto de Extensão Antirracista da UFPB, Lourdes Teixeira enfatizou, no evento que a luta é é de todos os dias e registrou a importância desse instrumento de Observação Antirracista.
“Nossos passos vêm de longe. Só estamos aqui hoje porque muitos já passaram [...] Que ele tenha vida longa. Que as instituições possam ser parceiras desse instrumento e que a sociedade possa chegar de fato e de direito nesse espaço que estamos construindo”, declarou.
Funjope
De acordo com o diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa, Marcus Alves, nos últimos dois anos, a gestão tem tentado construir um posicionamento de valorização da questão do negro e da negra nos projetos culturais.
Ele comentou também que foi processado criminalmente por uma pessoa branca por ter criado um edital de inclusão social pelas artes de valorização dos artistas pretos e pretas, que foi o Prêmio João Balula.
Vejam a tragédia: fui obrigado a ir a uma delegacia prestar esclarecimentos porque estava fazendo uma política de valorização de artistas negros”, explicou.
O diretor executivo informou que o processo foi arquivado. “Fica a lição. Que país a gente está vivendo? Que democracia é essa que a gente está construindo? É para assustar, para desistir de fazer inclusão? Não vou desistir”, enfatizou.
Já o artista plástico Elioenai Gomes pontuou que só quem vive a invisibilidade sabe a dor que ela causa. Ele acredita que é preciso guiar as crianças, que são o futuro: “Sabemos também como é importante a inclusão. Vamos cuidar do nosso povo preto, a começar pelas nossas crianças”.
Com informações da Ascom/CMJP
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