OPINIÃO: acabar com faixa exclusiva de ônibus é um retrocesso e um ataque aos usuários

Há um movimento para tentar 'implodir' as faixas exclusivas de ônibus de João Pessoa.

A ideia surge como a justificativa de estudo para ver se é possível compartilhá-las com carros e motos.

Na verdade, esse balão de ensaio é só a admissão da incompetência de resolver o problema maior: melhorar o sistema de transporte coletivo para que as faixas sejam usadas plenamente e cumpram a sua função.

Afinal, é óbvio que o trânsito vai melhorar para quem não precisa delas.

Acabar com as faixas é mais uma forma de incentivar o transporte individual, responsável pelo caos que vivemos nas ruas das principais cidades do país.

Essa via exclusiva é uma ferramenta importante para melhorar a pontualidade, rapidez, fluidez ao transporte coletivo.

Se houvesse mais ônibus, mais linhas, se a frota fosse boa, haveria mais um atrativo para dividir o espaço nas cidades.

A faixa é um pequeno privilégio para quem espera por dezenas de minutos numa parada desconfortável (prefeitura JP tem melhorado algumas), muitas vezes em pé, via de regra fica espremido em horários de pico, em um calor insuportável (quando não está no Geladinho, que são poucos).

Essas vias são impopulares porque atrasam em cinco ou 10 minutos motoristas que estão dentro do seus veículos com ar condicionado, ouvindo a música preferida.

Deixe o carro em casa, vá para paradas, pegue um ônibus e não vai demorar para entender a importância delas.

A Semob não deve gastar seu tempo com isso. Devia cobrar as concessinárias a adoação de mais linhas, aumento da frota, melhoria dos veículos para que as faixas sejam usadas em sua plenitude, gerando nas pessoas a sensação de que vale a pena pegar um ônibus.

Para isso, claro, será necessário discutir novas formas de financimento, subsídios do porder público.

O retrocesso ensaiado só vai estimular ainda mais a população desisitir do transporte coletivo, que, como já se provou nos lugares mais evoluídos do mundo, é a solução para cidades mais saudáveis.

Não deixa de ser mais um ataque a quem precisa do ônibus. Que não tem alternativa, porque, se tivesse, também teria abandonado essa faixa.

A função do poder público, para melhorar a qualidade de vida coletiva, é lutar contra isso e não incentivar.