CONVERSA POLÍTICA
OPINIÃO: lideranças tinham que debater problemas da Paraíba e não eleição de 2026
O encontro priorizou conjecturas eleitorais, mas paraibano precisa, agora, é de um debate mais consistente sobre nosso desenvolvimento.
Publicado em 10/02/2025 às 16:23 | Atualizado em 10/02/2025 às 19:02
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Neste fim de semana, algumas das principais lideranças da Paraíba fizeram uma reunião para discutir as eleições de 2026.
Participaram do encontro o governador João Azevêdo (PSB), o presidente da AL, Adriano Galdino; o vice-governador Lucas Ribeiro; a senadora Daniella Ribeiro (PSD), o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), o prefeito Cícero Lucena (PP) e o vice, Léo Bezerra (PSB).
Uma reunião para tirar foto, tentar alinhar um discurso e dizer que todos estarão unidos daqui a um ano e oito meses.
Mas todos eles e nós sabemos que é tempo suficiente para tudo mudar e para nada do que foi conversado se concretizar. Até porque, hoje, há peças e desejos demais para espaços de menos.
Republicanos quer duas vagas na majoritária, governador que ser candidato ao Senado, Cícero também quer ser governador; Lucas Ribeiro, se ficar no governo não vai abrir mão da reeleição. Hugo Motta vai usar todo poder e influência para conseguir o que quiser na situação ou oposição. Os Ribeiro ficam com uma vaga, mas depende da conjuntura. Confiam na caneta que pode chegar.
Cada um, antecipadamente, sonhando com os projetos pessoais e nem combinaram com os eleitores, que estão na luta para pagar as contas do mês: carne cara, a feira não fecha, o orçamento é cheio de dívidas obrigatórias, combustível nas alturas (com aumento do ICMS), frutas a preço de ouro.
Hugo Motta, recentemente, deu a deixa sobre a eleição: "vamos conversar 2026 em 2026". E era isso que ele e as lideranças deveriam fazer.
Usar o tempo precioso para pensar nos problemas de agora e deixar a "negociação" de espaços na chapa majoritária para o ano que vem.
Desafios
Afinal, como principais lideranças do PRESENTE e do FUTURO, também têm desafios gigantes como representantes do povo paraibano.
E essa poderia ter sido a pauta do encontro.
Poderia, por exemplo, sair dali uma lista de prioridades para melhorar vida do paraibano, neste momento em que temos tantos conterrâneos influentes em Brasília.
Não só Hugo (presidente da Câmara dos Deputados) e Daniella (1º Secretária do Senado).
Mas uma pauta para pedir aos paraibanos que estão à frente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira Fernandes, por exemplo, ações na habitação, no setor produtivo, no comércio e serviços.
Na lista tem ainda o ex-senador e influente presidente do TCU, Vital do Rêgo Filho, que agora é ministro de um órgão de controle, mas sabe como ninguém usar seu poder e influência no meio político.
O poder desses paraibanos tem que servir mais do que a pirotecnia que muitas vezes é feita com ele.
Nossos problemas
Precisamos também de garantias claras de que os recursos federais vão permitir a conclusão de obras que se arrastam e vão passar de uma década, como os canais para segurança hídrica (Acauã-Araçagi) e a triplicação da BR-230, na Grande João Pessoa.
E ainda obras essenciais como o Hospital de Trauma do Sertão, o Ramal Piancó - o chamado terceiro eixo da transposição na Paraíba.
Com tanta influência em Brasília será que ainda iremos capengar nisso?
Na pauta de uma reunião dessas lideranças, precisa estar o plano para enfrentar o analfabetismo entre as pessoas que tenham pelo menos 15 anos.
A Paraíba é o terceiro estado do Brasil com maior índice. São 13,6% de analfabetos no estado, ficando à frente apenas de Piauí (14,8%) e de Alagoas (14,4%) e com números piores do que a média nacional (5,6%) e regional (11,7%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/2022).
Sem mudanças rápidas nessa área (Ceará provou o que pode ser feito e Teresina vai na mesma linha) vamos continuar patinando.
Na pauta de discussão, deveria estar as ações que vão melhorar a vida de quase 2 milhões de paraibanos (47,4% da população) que vivem abaixo da linha da pobreza adotada pelo Banco Mundial - com a insuficiência de rendimentos das famílias para provisão do bem-estar.
Na pauta, não deveria ter nada de eleição, mas um plano estratégico para a próxima década e não para os próximos 4 anos: de mobilidade urbana da Região Metropolitana da capital, com mais obras estruturantes e solução para o transporte de massa. Um plano para o desenvolvimento industrial: o que queremos? Para onde vamos? Como podemos usar nossa localização e logística a nosso favor?
E mais: qual é a solução para o enfrentamento das facções que tomam conta das nossas cidades e geram números de guerra, em assassinatos no meio do dia, em qualquer lugar?
São só exemplos. Alguns desses temas podem até estar na pauta de governo, mas precisa virar pauta de Estado e só essas lideranças podem fazer isso.
Mas o que vemos é um debate interminável sobre quem vai se dar bem a cada dois anos e pouco compromisso sobre o que somos hoje, as soluções coletivas do agora, que vão moldar para onde iremos.
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