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CONVERSA POLÍTICA

OPINIÃO: O jornalismo precisa escolher um único lado, que é o do interesse público

Faz parte da atividade do jornalismo, desde a sua consolidação como produto mercadológico, criar imunidade contra pressões políticas e econômicas.

Publicado em 25/11/2025 às 16:03 | Atualizado em 25/11/2025 às 16:50


				
					OPINIÃO: O jornalismo precisa escolher um único lado, que é o do interesse público
Foto: Divulgação.

O jornalismo tem um compromisso simples e desafiador: informar a sociedade com responsabilidade, rigor, verdade e buscando sempre o equilíbrio. Sob todas às pressões.

Deve atuar como mediador entre os fatos e o público, filtrando, enquadrando, e expondo interesses particulares para priorizar aquilo que afeta a vida coletiva.

Por isso, sua função não é agradar governos, partidos ou grupos políticos, mas servir ao interesse público. Porque todos passam e o jornalismo fica.

E servir ao público exige, principalmente nesse ecossistema de muita informação, equilíbrio, proporcionalidade e transparência, bases que sustentam a credibilidade e a utilidade social da notícia.

Todas esses predicados devem ser expostos. Sem medo, quando não se está disposto a passar por cima deles.

É desse ponto de vista que soa preocupante a afirmação feita, ontem (25), pelo governador João Azevêdo (PSB), no discurso de abertura do Midiacom (evento promovido pelas empresas de Comunicação para discutir o futuro da mídia no Brasil), que aconteceu em João Pessoa.

Em um dos trechos do discurso, o governador disse que a imprensa deveria se posicionar, assumir um lado; para deixar claro onde está, quem defende ou é contra. De alguma forma, insinuando que a busca pelo equilíbrio, indepedência, no jornalismo, pode ser uma forma de ocultar preferências. De enganar as pessoas.

Com todo respeito. Essa leitura é distorcida.

Naquele espaço, com muitos jornalistas e estudantes (também), o governador devia ter pedido atenção especial, e permanente, a um único lado: o do interesse público, em qualquer decisão tomada pelas empresas. Esse é o discurso que todos devem assumir.

Esse é o pedido que um agente público tem que fazer, mesmo que, muitas vezes, seja alvo de críticas por esses meios. No jornalismo, equilíbrio não é omissão, distorção: é método, princípio, é busca permanente. Não tem a ver com esconder posicionamento, mas rejeitar o papel de instrumento político declarado.

O jornalista que questiona, que confronta, que apura, que evita personalização de obras e ações, assume um posicionamento claro: o de proteger o direito do cidadão à informação confiável, descontaminada.

É claro que como ser social, todos nós jornalistas temos afinidades, gostos, preferências, conceitos e pré-conceitos. Por isso, a luta centenária pelo equilíbrio é fundamental.

Faz parte da atividade do jornalismo, desde a sua consolidação como produto mercadológico, criar imunidade contra pressões políticas, econômicas e do mercado. É complexo, mas sobreviveu e sobrevive quem consegue vencer essas batalhas em nome de uma escolha: o interesse público. Repito: único lado.

Quando alguém sugere que a imprensa se autodeclare de um lado ou de outro, pede que destrua um princípio básico e normalmente não está defendendo pluralidade, está cobrando alinhamento para ver quem está à serviço e quem não está. E, normalmente, quem está se benficia, quem não está é condenado.

E isso se agrava em regiões mais pobres do país, como a Paraíba, onde muitos políticos gostam de veículos que dependem de publicidade oficial e, portanto, tornam-se menos propensos a críticas, denúncias e alertas.

Querem uma imprensa dependente, reverente, que confunda jornalismo com assessoria de comunicação, e que trate autoridades como clientes a serem satisfeitos, não como agentes públicos a serem fiscalizados. Mas é exatamente por isso que o equilíbrio, mesmo com eventuais equívocos e divergências, é tão fundamental.

Ele impede que a notícia seja construída por interesses de ocasião. Vale ressaltar que não estamos falando aqui dos textos e colunas de opinião. Nesse caso, o subjetivo é o pilar: opinar, imprimir o que se pensa, claramente.

Cidadão no centro

O equilíbrio declarado coloca o cidadão no centro da cobertura. As escolhas declaradas ou omissas, não. Porque há ferramentas balizadoras. O jornalismo que se submete a partidos/políticos perde sua função social; o que se submete a governos perde sua liberdade.

Defender o equilíbrio, portanto, é tomar posição, mas não por um lado da disputa política. É tomar posição pela sociedade, pelo direito fundamental à informação. E é essa posição que garante que a imprensa não seja serva de ninguém, exceto do público que tem o dever de ajudar no entendimento do mundo.

Foto: Divulgação

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

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