Opinião: PAC na Paraíba tem obras 'requentadas' e algumas que já deveriam estar prontas

A reedição do Plano de Aceleração do Crescimento do governo Lula III saiu. É um balaio de algumas obras novas, centenas de retomadas e requentadas e muitos estudos de viabilidade.

Na Paraíba, o governo federal anunciou R$ 36,8 bilhões em investimentos. Parece muito, mas quando comparamos com outros estados do NE, a 'suspeita' de que fomos preteridos fica evidente. Apesar das várias justificativas técnicas que podem existir. Veja a lista abaixo e sinta:

• Sergipe: R$ 136,6 bilhões;
• Bahia: R$ 119,4 bilhões;
• Maranhão: R$ 93,9 bilhões;
• Pernambuco: R$ 91,9 bilhões
• Ceará: R$73,2 bilhões;
• Piauí: R$ 56,6 bilhões;
• Alagoas: R$ 47 bilhões;
• Rio Grande do Norte: R$ 45,1 bilhões

Pelos números, ou temos projetos muito baratos, pensamos pequeno ou estamos "tão avançados" em ações estruturantes que precisamos de pouco de dinheiro e os outros estados mais ricos e mais pobres precisam de mais. E, a gente sabe que não é bem assim.

O governo do estado emplacou onze das 11 obras das 12 pleiteadas. Delas, destacamos o Hospital de Trauma do Sertão, o Arco Metropolitano de João Pessoa, o Terceiro Eixo da Transposição (Ramal Piancó) e a duplicação da BR-230 em direção ao Sertão.

As outras obras já deveriam ser realidade sem entrar em lista nenhuma. Canal Acauã-Araçagi e Triplicação da BR-230, por exemplo.

Arrastam-se há anos e o que o governador João Azevêdo fez foi colocar um carimbo de PAC nelas pra ver se são concluídas. Fez certo. Assim, pelo menos, evita que a gestão acabe e ele fique com esse passivo.

Outras obras  

Na lista, tem a construção de 2,8 mil casas pelo Minha Casa Minha Vida. Muito para quem não tem nada, mas muito pouco diante de uma déficit de 120 mil residências no estado. Só em João Pessoa são mais de 20 mil.

A maioria das obras da saúde são retomadas, conclusões de obras paradas de postos de saúde paradas em cidades como, Alhandra, Casserengue, Cruz do Espírito Santo, Diamante, Fagundes, Frei Martinho, Itabaiana, Nova Palmeira, Pilões, Puxinanã, Santa Rita, São José de Piranhas e São Sebastião de Lagos de Roça;

Educação

Na educação, a mesma coisa: retomada de creches, escolas, quadra e cobertura de quadra em diversos municípios paraibanos. São 124 obras na área que já deveriam ter sido concluídas há alguns anos.

E ainda, retomada e conclusão de obras nas Universidades Federais da Paraíba e Campina Grande, em João Pessoa, Campina Grande e Cajazeiras. Também obras requentadas. Já eram para estar prontas.

Conexão

Algumas novidades : 488 km de rodovias federais conectadas, que só acredito vendo. Nas cidades não têm, imagine nas rodovias. Tem ainda a promessa de 3.836 escolas conectadas. Como objetivo é lindo, mas vamos cobrar e fiscalizar para ver se sai do discurso.

Estudos e saneamento

No caso do saneamento a pressão vem do Marco Legal. Fora João Pessoa, Campina Grande e outras médias cidades, a situação é calamitosa.

Somente 50% da população da Paraíba tem esgotamento sanitário. Média puxada por essas cidades-polo. Entrou no PAC para ver se vira prioridade. A meta é chegar a 90% até 2023.

Com relação ao estudos de para concessão da malha ferroviária na Paraíba e obras e investimentos para o Transporte Ferroviário de João Pessoa. Quem acredita que ficará em primeiro plano?

Já a proposta de estudos para concessão de trechos das BRs 101 e 230 na Paraíba poderá sair mais rápido. É interesse da iniciativa privada e o governo quer se livrar dos custos de manutenção.

Recado

Antes de alguém diga que é "gosto ruim" é preciso deixar claro que há muito mérito nessas retomadas, requentadas e no início de novos projetos propostos pelo PAC. Na Paraíba e no Brasil.

O PAC nos ajuda a ter esperança de melhora. Se bem executado, pode nos tirar do atraso de pelo menos 6 anos, quando boa parte dessas obras deveriam ter sido concluídas. Algumas, como escolas, uns 10 anos de atraso. Outros novos projetos, parecem mais próximos mesmo sendo sonhados há anos.

O mérito é assumir o compromisso, consolidar um programa e apontar para onde se quer ir. O governo Bolsonaro não fez isso. Só queria saber de procurar inimigo e falar em conspiração.

O programa vai gerar emprego, aquecer a economia, melhorar o serviços em várias áreas. Isso, se sair como planejado nos discursos de hoje (10), quando o programa foi lançado, no Rio de Janeiro.

Os órgãos de controle, na outra ponta, terão muito trabalho para fiscalizar. Bem como a população.