Opinião: prefeito de Cabedelo cancela 7 de setembro e coloca trabalho da PM da cidade em “xeque”

A mensagem que fica é péssima. A de que o poder público se redeu ao ‘estado paralelo’ construído pelas facções. Imagine se a moda pega e todas as festas públicas começarem a ser canceladas porque prefeitura e a PM não garantem paz para o cidadão? 

O prefeito de Cabedelo, Vitor Hugo (União Brasil), anunciou, nesta sexta-feira (25), que decidiu cancelar o tradicional desfile cívico de 7 de Setembro. Segundo ele, a medida foi adotada, “em acordo com as Forças de Segurança, Polícia Militar e Guarda Municipal”, para preservar a segurança a comunidade escolar diante da escalada violência na cidade.

Não iremos ser irresponsáveis de colocar a vida de nossas crianças em risco”, declarou, em vídeo publicado em sua conta pessoal no Instagram.

Segundo o prefeito, a maior parte das escolas que participa do evento está localizada no bairro Renascer, o que poderia colocar crianças, professores e familiares em “risco” e “perigo”. Vitor afirmou aguardar ações para reduzir a violência em Cabedelo e em seguida remarcar, ou não, o evento.

O Conversa Política entrou em contato com a Major Viviane, comandante da Companhia Independente da Polícia Militar de Cabedelo. Ela explicou que apenas enviou um ofício à prefeitura, na última segunda-feira (21), para saber se haveria ou não o evento, “pois precisava das informações para realizar o planejamento”.

A PM também assegurou que tem condições de prover a segurança, se o prefeito decidir realizar o festejo cívico. 

O blog também procurou o prefeito para contrapor as declarações da PM. Vitor Hugo disse que a Major não decide nada em Cabedelo e que as decisões são tomadas pelo prefeito.

Ele também provocou a gestão estadual  dizendo que é preciso, mesmo, é “cuidar das 10 mortes que tivemos em menos de 1 mês na cidade”. Numa espécie de cobrança de mais ação policial na cidade para resolver os casos.

De fato, há uma situação de atenção que vive a Região Metropolitana de João Pessoa, há um sinal de alerta no ar por causa de episódios, ainda não explicados pela polícia, de uma suposta briga de facções envolvidas no tráfico de drogas.

Mas, o que fica nas entrelinhas do discurso, é que o prefeito busca desgastar a imagem do governo no cidade, entrando num assunto sempre controverso para a gestão do governador João Azevêdo, que é segurança.

Isso porque, apesar dos últimos dados do Monitor da Violência mostrarem queda no número de homicídios na Paraíba, um das maiores reduções do país, a sensação de insegurança paira fortemente em alguma áreas da Grande João Pessoa.

Neste caso em especial, é impossível não ver o ingrediente político-eleitoral. Vitor quer lançar seu sucessor e o governador deve lançar candidato para a região portuária: Ricardo Barbosa, que já entrou na polêmica afirmando que o prefeito age com preconceito ao cancelar a festa de 7 de setembro.

“Estranhamente, testemunhamos um prefeito inflamando contra seu próprio povo, seus conterrâneos, como aconteceu hoje, quando públicos ataques injustificados foram direcionados à cidade de Cabedelo?”, disparou Barbosa, em entrevista ao portal Mais PB. 

Mensagem péssima 

De todo modo, não deixa de ser um tiro no pé, porque ao alardear que a cidade não tem condições de realizar um desfile cívico à luz do dia, como passar confiança aos turistas de visitar a cidade, por exemplo? Há um preço que pode sair caro nessa discussão. 

No fim das contas, ao cancelar o desfile alegando falta de segurança, o gestor coloca em xeque o trabalho da PM da cidade.

E é a mensagem que fica é péssima. A de que o poder público se redeu ao ‘estado paralelo’ construído pelas facções. Imagine se a moda pega e todas as festas públicas começarem a ser canceladas porque prefeitura e a PM não garantem paz para o cidadão?