CONVERSA POLÍTICA
Reforma Tributária: Arthur Lira 'tratora', ajuda governo Lula e enfurece Bolsonaro
Para o governo, deixou um recado: será essencial ter o Centrão dentro da gestão para ter governabilidade. Nada de novo. Não são apenas emendas parlamentares, mas ministérios e órgãos.
Publicado em 07/07/2023 às 17:28 | Atualizado em 07/07/2023 às 17:47
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), deu mais uma demonstração de força ao "bancar" a votação e aprovação da Reforma Tributária, ontem (06).
A Câmara do Deputados tocou no seu ritmo. Na velocidade que o alagoano desejou.
Tratorou antigos aliados bolsonaristas, com mais de 350 votos, nos dois turnos, para se colocar na história como o presidente da Casa que aprovou a reforma mais esperada, em meio século.
Para o governo, deixou um recado: será essencial ter o Centrão dentro da gestão para ter governabilidade. Nada de novo. Não são apenas emendas, mas ministérios e órgãos.
Lula já não é mais o intocável, partidos fisiologistas do centro saíram mais fortes do governo Bolsonaro e a oposição é maior que já enfrentou.
A necessidade de se ajoelhar e rezar é real. Até quando? Ninguém sabe. Vai depender, justamente, dos resultados que essa governabilidade pode proporcionar até do fim do mandato.
Bolsonaro 'enfurecido', em busca de um inimigo para chamar de seu, disse que a reforma era petista e perdeu oportunidade de lembrar que foi no governo dele e de Temer que a reforma foi gestada.
Sobrou até para Tarcísio de Freitas que aceitou as mudanças porque está mais preocupado em governar o maior estado do país do que ficar com 'mi mi mi' ideológico.
Bolsonaro foi derrotado e percebeu que somente os mais radicais vão apoiar os seus devaneios. Da Paraíba, Cabo Gilberto foi junto. Ele comentou sobre a decisão em entrevista à CBN Paraíba.
Wellington Roberto, por sua vez, soltou a mão do capitão na votação da reforma. Antes do bolsonarismo, sempre governista, Wellington votava com o PT.
Aguinaldo
Importante registrar a participação do relator paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP). Foi flexível o suficiente para atender interesses diversos, fazer modificações no texto, tirar obstáculos do meio do caminho para que o texto-base, com seus defeitos, passasse. Era fundamental, para muitos, quebrar essa barreira.
Focou no discurso da simplificação, na busca pela igualdade tributária e na modernização para atrair investimentos. Convenceu na guerra de narrativas. Na manhã desta sexta-feira (07), Aguinaldo falou sobre a aprovação à CBN Paraíba.
No texto, ainda há muitos questionamentos que terão de ser iluminados e resolvidos no Senado ou em um retorno à Câmara.
Entre eles, a eventual perda de autonomia de estados e municípios na gestão dos recursos, já que um Conselho Federativo vai concentrar arrecadação e redistribuição dos recursos.
E, ainda, o aumento da força tributária dos estados do Sul e Sudeste em detrimento do Norte e Nordeste. A luta agora é para tratar os diferentes de maneira diferente, no quesito distribuição de riqueza.
Comentários