Opinião: agentes de Segurança Pública precisam de salários maiores e menos "puxadinhos"

Ninguém tem dúvida que agentes de Segurança Pública são fundamentais, seja na repressão, na prevenção, na investigação, na inteligência.

Na prática, deviam ter uma remuneração muito maior, mais digna, e uma vida mais saudável, afinal, estão sob pressão intensa 24h.

Mas, aqui na Paraíba e na maioria dos estados brasileiros, essa valorização, muitas vezes, fica só no discurso e em ações paliativas, puxadinhos nos vencimentos e soldos, para acalmar os "ânimos" das categorias, a cada novo tempo de insatisfação.

Foi assim que aconteceu com a criação da Bolsa Desempenho, no governo Ricardo Coutinho, há alguns anos. O benefício garantiu uma porcentagem a mais nos salários dos ativos e deixou os inativos à propria sorte, quando não aguentavam mais trabalhar.

O governo atual iniciou uma mudança e a medida foi bem vista pela categoria, que, apesar da incorporação paulatina, espera apreensiva pela implementação plena.

A questão é que agora, na mesma linha de fazer "puxadinhos", evitando focar no principal, o aumento real de salário, o governador João Azevêdo (PSB) desonera 'os extras' dos trabalhadores da Segurança Pública.

Ou seja, "transforma a hora extra trabalhada pelos policiais em ajuda de custo operacional, que vai desonerar todo o desconto com relação ao imposto de renda", disse o gestor.

A iniciativa resolve uma reclamação, garante alguns reais a mais que viraria tributo, mas vai, sem dúvida, estimular ainda mais os policiais trabalharem em folgas, fazer extras, para poder fechar o orçamento.

Não precisa ser um gênio para perceber que a qualidade de vida, a vida fora da corporação ficará comprometida, porque o puxadinho aumenta o rendimento mensal, mas condicionado ao aumento de horas de trabalho.

No mundo real, os servidores da Segurança teriam que ganhar bem pelas horas trabalhadas e não depender dessas medidas extras.