CONVERSA POLÍTICA
Tentativa 'terrorista' na posse de Lula lembra ataque ao Riocentro com Elba no palco
As bombas, plantadas por um sargento e um capitão, integrantes do Doi-Codi, teriam sido uma das últimas tentativas de interromper a abertura política.
Publicado em 26/12/2022 às 10:42
A tentativa de um empresário bolsonarista do Pará de explodir um caminhão-tanque no dia da posse de Lula como presidente da República causou perplexidade. O ato, porém, é um modos operandi que não é novidade quando se fala em atos antidemocráticos e golpistas no Brasil.
Há pouco mais de quatro décadas, os brasileiros foram testemunhas do atentado do Riocentro. O frustrado ataque a bomba aconteceu na noite de 30 de abril de 1981, durante a apresentação da paraibana Elba Ramalho, em um show do Dia do Trabalho.
As bombas, plantadas por um sargento e um capitão, integrantes do Doi-Codi, teriam sido uma das últimas tentativas de setores mais radicais do governo de convencer os moderados a interromper a abertura política.
O plano, no entanto, fracassou. As bombas que deveriam explodir na casa de força e no estacionamento do Centro de Convenções no Riocentro foram acionadas antes do tempo, dentro do carro em que estavam os militares. O sargento morreu e o capitão ficou ferido.
“Além da bomba que explodiu no Puma, ocorreu uma segunda explosão no interior do Riocentro, na miniestação elétrica responsável pelo fornecimento de energia do centro de convenções. A bomba foi jogada por cima do muro da miniestação, mas explodiu em seu pátio e a eletricidade do pavilhão não chegou a ser interrompida” diz o relatório preliminar Caso Riocentro: Terrorismo de Estado contra a População Brasileira, publicado pela Comissão da Verdade em 2014.
O relatório conclui sobre o atentado que foi “um minucioso e planejado trabalho de equipe realizado por militares do I Exército e do Serviço Nacional de Informações (SNI)". O coronel reformado Wilson Machado negou.
Caso o plano tivesse dado certo, a nata da MPB brasileira e milhares de pessoas inocentes seriam assassinados. Chico Buarque, Alceu Valença, Cauby Peixoto, Gal Costa, João Nogueira, Clara Nunes, Elba Ramalho, Ivan Lins, Simone, Miúcha… Teriam sido todos mortos se a bomba não tivesse explodido no colo do sargento.
Uma curiosidade desse episódio é que a paraibana Elba Ramalho é antipetista desde o início das obras de transposição do Rio São Francisco, tocadas no governo Lula I. Também é apontada como eleitora do presidente Jair Bolsonaro, apesar de nunca ter declarado publicamente o voto.
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