POLÍTICA
Corrupção ocorria no Palácio, diz procurador
Em sua última fala o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu prisão imediata dos eventuais condenados.
Publicado em 04/08/2012 às 6:00
Em sua última oportunidade de defender a culpa de 36 dos 38 réus do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que o esquema de compra de apoio ao governo Lula funcionava "entre quatro paredes de um palácio presidencial" e pediu que o Supremo Tribunal Federal ordene a prisão dos eventuais condenados imediatamente após a decisão.
"Quando falo de quatro paredes, falo das paredes da Casa Civil, de algo que transcorria dentro do palácio da Presidência da República", disse o procurador no segundo dia do maior julgamento da história da corte.
O chefe do Ministério Público Federal, que disse ter sofrido "ataques grosseiros" após entregar suas alegações finais, em referência às críticas por sua atuação no caso Cachoeira, pediu que o STF estabeleça um "paradigma histórico" com a condenação.
"[Peço] desde já a expedição dos mandatos de prisão cabíveis imediatamente após a realização do julgamento". E encerrou citando Chico Buarque ("Vai Passar"): "Dormia a nossa pátria mãe tão distraída/ sem perceber que era subtraída/ em tenebrosas transações".
Gurgel considerou "risível" o discurso de políticos e acusados de que o mensalão não passou de um "delírio" ou de uma "invenção", e repetiu que trata-se, segundo ele, do "mais atrevido e mais escandaloso esquema de corrupção e de desvio público flagrado no Brasil".
CHEFE
Ele escolheu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu como principal alvo, apontando-o como o chefe da quadrilha. Dedicou 25 minutos das quase 5 horas de discurso exclusivamente a Dirceu, e disse que "a prova é contundente quanto à existência da quadrilha, ao papel de liderança exercido pelo acusado e aos diversos crimes cometidos".
Também procurou justificar a suposta ausência, alegada pela defesa, de que não há perícias, documentos, registros telefônicos ou eletrônicos que provem a participação de Dirceu.
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