POLÍTICA
Delator da Operação Andaime é ameaçado de morte no Sertão
De acordo com as investigações do Ministério Público Federal Francisco Justino recebeu visita de emissários de Mário Messias e foi advertido dos riscos.
Publicado em 19/12/2015 às 10:00
Ministério Público diz que Francisco Justino recebeu visita de emissários de Mário Messias e foi advertido dos riscos.
Um bilhete apreendido no curso das investigações da Operação Andaime mostra de que maneira o empresário Mário Messias Filho, vulgo “Marinho”, continuava a atuar com o seu esquema criminoso, mesmo depois de ter saído da prisão em 13 de julho. Ele foi novamente preso na última quarta-feira exatamente por ter retomado as atividades criminosas. As investidas tiveram como alvo um dos delatores do caso, Francisco Justino.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele tentou constranger tanto Justino como seus familiares, com o objetivo de impedir e embaraçar as investigações. Consta que ele teria enviado dois intermediários (Ronaldo do RM e Jaiminho) à casa de Justino para tentar receber o valor de uma Hilux cinza, apreendida na Operação Andaime. No bojo da conversa, Ronaldo perguntou se ele “não estava com medo de morrer por ter feito a delação premiada e “mexer com gente grande”.
O termo de delação premiada foi assinado em 31 de agosto. Em 8 de setembro Mário Messias mandou entregar um bilhete ao delator, fazendo referência a três prefeituras: Monte Horebe, Vieirópolis e Major Sales. Na primeira parte ele pedia a Justino que entrasse com requerimento junto à prefeitura de Monte Horebe, objetivando retornar o serviço de coleta de lixo, tendo em vista o retorno da prefeita Cláudia Dias, que havia sido afastada do cargo por decisão do Tribunal de Justiça, no âmbito da Operação Monte Sinai. Ela reassumiu o cargo após conseguir habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
De acordo com as investigações, a limpeza urbana em Monte Horebe havia sido vencida formalmente pela empresa Servcon de Francisco Justino, em licitações completamente fraudadas desde o ano de 2011 para favorecer a execução direta do serviço pela própria prefeita Cláudia.
Na segunda parte, Marinho escreve: “Vieirópolis cancelou as duas quadras. Quem fala?”. As quadras a que ele se refere são aquelas obras de engenharia (quadras cobertas) vencidas formalmente pela Construtora Servcon. No bilhete, Marinho indaga a Justino quem procurar para resolver a questão do cancelamento das obras das quadras, pois intentava saber como receberia o dinheiro relativo à próxima medição.
Já na terceira parte do bilhete ele escreve: “Major Sales. HUB - entrou R$ 80 mil. Quem fatura?”. Major Sales é uma cidade do Rio Grande do Norte, onde a empresa Servcon também venceu fraudulentamente diversas licitações para possibilitar a execução da obra por Mário Messias e José Hélio de Farias. Na mensagem, ele informa a Justino que havia entrado cerca de R$ 80 mil para construção de uma Unidade Básica de Saúde e pergunta quem é o funcionário público que participa do esquema criminoso (prefeito ou secretário de Finanças), bem como quem emitiria a fatura, ou seja, as notas fiscais.
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