Deputado deixa base governista de Ricardo

Angélica Nunes

O deputado estadual Janduhy Carneiro (PPS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia, encerrou todas as dúvidas quanto ao seu posicionamento diante do Palácio da Redenção e anunciou, ontem, a sua saída oficial da bancada do governo. A decisão foi tomada depois que o governador Ricardo Coutinho (PSB) exonerou a mulher do deputado. A atitude foi encarada pelo ex-governista como uma retaliação por ele ter votado contra a constitucionalidade da 'MP da Cruz Vermelha'. Com a sua saída, o governo do Estado agora fica com apenas 19 deputados em sua bancada.

A mulher de Janduhy, Ana Olímpio Queiroga, foi afastada do cargo de coordenadora financeira do Instituto de Metrologia e Qualidade Industrial da Paraíba (Imeq). A exoneração dela e de outras pessoas que ocupavam cargo em comissão a pedido do deputado foi publicada no Diário Oficial de ontem. “Querendo me punir por eu ter votado contra a MP 178, que institui a gestão pactuada, o governo já começa a retaliar pessoas que efetivamente vestiram a camisa, pensando que iria me atingir, mas não me atingiram porque minha honra e dignidade se sobrepõem a isso”, afirmou.

Janduhy Carneiro considerou um gesto de ingratidão com quem o apoiou. “Minha esposa foi uma das poucas que madrugava com os cabos eleitorais fazendo campanha para ele, enquanto outros que ficavam em cima do muro na época hoje recebem altos postos no governo”, disse o deputado, que ainda chamou o governador do Estado de ingrato. “Ele não conseguiu abarcar o sentimento de gratidão, não quer receber os deputados, quer trabalhar de um jeito que eu não comungo”, disse.

Já se sentindo livre de alianças com o grupo ricardista, Janduhy Carneiro questionou o tratamento dado por Ricardo Coutinho a outros colegas de parlamento. “Ricardo tem uma postura autoritária e egocêntrica, sem querer receber os deputados, mandando prepostos conversar comigo, isso não é estilo de uma democracia de um governante”, desabafou.

Revoltado com a atitude, que classificou de indelicada com quem o elegeu, o deputado disse que irá manter sua postura parlamentar à frente da CCJ e nas votações em plenário, independente de pressões do governo do Estado. “Eu sou presidente da comissão mais importante da Casa e não posso pegá-la para transformar em interesses pessoais do governador Ricardo Coutinho. Tenho que agir com imparcialidade, ética e decência porque para isso que fui eleito pelo povo”, argumentou.

Em Mamanguape, Ricardo não quis comentar a exoneração de Ana Olímpio e só opiniou: "Ele pertencia à base, não pertence mais".