icon search
home icon Home > política
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

POLÍTICA

Desafio do governo é resolver insegurança e violência na Paraíba

Estado é o 6º do Brasil onde mais se matam jovens e o 5º maior em crescimento de homicídios. Santa Rita, na grande JP, é 4º município mais violento do país.

Publicado em 07/01/2015 às 11:39

“Foi-se o tempo que João Pessoa era uma cidade tranquila. Antes eu sentava na calçada e ficava conversando com meus vizinhos até altas horas da noite, hoje tenho medo até de abrir a porta”. O depoimento dramático é da aposentada Francisca Alves, que mora no José Américo, na capital. O medo dela se sustenta nos números: a Paraíba é o sexto estado do país onde mais se matam jovens, segundo o Mapa da Violência 2014. Soma-se a isso os roubos, sobre os quais não há dados oficiais na Secretaria de Segurança e Defesa Social.

Na terceira reportagem da série 'Os desafios do novo governo', o JORNAL DA PARAÍBA aborda o problema da falta de segurança no Estado e o consequente temor da população em entrar para as estatísticas da violência. Os demais veículos da Rede Paraíba de Comunicação também estão produzindo material jornalístico sobre o tema, com o objetivo de expor os problemas e apresentar as principais demandas da população.

A violência que tanto preocupa o Estado invadiu a casa da costureira Maria Leite há seis anos, quando o filho dela, Saldivan, 20 anos, foi morto enquanto dormia. O crime ocorreu no Padre Zé e até hoje tira o sono de Maria. “Só sabe o tamanho dessa dor quem a sente. Quando lembro do meu filho cheio de bala, os lençóis sujos de sangue, me bate uma vontade de chorar”, contou. No desespero, ela tentou intervir, mas também foi baleada, o que trouxe consequências para sua saúde.

Segundo a costureira, Saldivan não tinha envolvimento com o tráfico de drogas, era um rapaz honesto e trabalhador. Um filho carinhoso. Um amigo querido. “Dois homens chegaram de madrugada e arrombaram a janela do quarto onde ele dormia, encheram meu menino de bala”, declarou. Maria tem outros sete filhos e carrega uma dor para a qual não tem cura, conforme relatou. “Dói, machuca, deixa a gente acabada, sabe?”, afirmou, levando à mão ao peito esquerdo, como se quisesse mostrar o coração ferido pela morte do filho. Os autores do crime nunca foram presos.

A família da doméstica Rosinete Xavier também foi destroçada pela violência na Paraíba, estado com o 5º maior crescimento das taxas de homicídios no período de 2002 a 2012, segundo o Mapa da Violência 2014. Há dois anos Rosinete viveu o que nunca imaginou viver. O sobrinho dela, 21 anos, foi assassinado com cinco tiros. Socorrido para o Trauma, morreu minutos após entrar no bloco cirúrgico.

Nas lembranças de Rosinete, o sobrinho continua vivo. O medo que a história se repita com outro membro da família também. “A gente vive assustado. Depois que mataram meu sobrinho a vida nunca mais foi a mesma. Não tem mais Natal, Ano Novo, aniversário. Ele era uma pessoa muito alegre, faz muita falta para a nossa família”, afirmou. “A cidade está muito perigosa, João Pessoa virou terra sem lei”, desabafou.

Noêmia viveu o drama de perder dois netos para a violência

Noêmia Guilhermino tem medo de ficar na frente da casa depois que viu o neto ser assassinado na frente dela, na calçada de casa (foto: Rizemberg Felipe)

A aposentada Noêmia Guilhermino, 68, toma remédio controlado desde que teve dois netos (Josinaldo e Roberto) assassinados na capital – um na Ilha do Bispo e outro no Colinas do Sul. O intervalo entre um crime e outro foi de três anos. A saudade e a dor acompanham Noêmia, que tem medo de ficar na frente de casa. “Mataram meu neto na minha frente, na calçada de casa, quem garante que não acontece de novo? Tenho medo dessa violência”, comentou. Em ambos os casos não houve prisões dos suspeitos.

Saldivan, Leandro, Josinaldo e Roberto. Jovens, moradores da periferia e com pouca escolaridade que tiveram suas vidas ceifadas em crimes registrados em João Pessoa. Histórias com o mesmo final trágico, que se transformaram em números do Mapa da Violência. Segundo o mesmo estudo, no período de 2008 a 2012, o número de homicídios em João Pessoa saltou de 254 para 371. a capital é considerada a terceira cidade mais violenta do Estado. No topo do ranking está o município de Santa Rita, que também é o 4ª mais violento do país. Reduzir os índices negativos é o grande desafio do governador Ricardo Coutinho, eleito para o segundo mandato

Mais de 30 delegacias não funcionam durante a noite na Paraíba

Delegacia do Geisel, em João Pessoa, é uma das que não funciona no período da noite (foto: Kleide Teixeira)

Saindo de casa para a faculdade, a comerciária Daniele Santos foi abordada por um rapaz na parada de ônibus, no bairro do Costa e Silva, em João Pessoa. Segundo ela, eram 18h e a rua estava movimentada, mas nem isso inibiu a ação do assaltante, que levou o celular e a carteira da jovem. O fato ocorreu no mês de fevereiro de 2014. Quatro meses depois, quando voltava para casa, foi assaltada dentro do ônibus. Levaram o segundo celular.

Em nenhum dos casos Daniele quis registrar o Boletim de Ocorrência (BO). O motivo, segundo ela, foi o fechamento da delegacia de Cruz das Armas durante o período da noite. “Eu teria de ir para Manaíra para registrar queixa. Sem contar que também seria tempo perdido, a polícia não ia recuperar meus pertences”, declarou a jovem. Ela disse que vários outros amigos já foram assaltados na localidade.

Através de uma portaria publicada em dezembro de 2013, o governo determinou o fechamento de 33 delegacias em todo o Estado e concentrou os plantões em outras. Sendo assim, no caso de Daniele, por exemplo, ela teria de sair do Costa e Silva para o bairro de Manaíra, para registrar o BO na 12ª Delegacia Distrital. Com a portaria, em João Pessoa, apenas duas delegacias distritais concentraram os plantões: a 12ª DD, em Manaíra, e a 9ª DD, em Mangabeira.

A medida que foi recebida com revolta pela população, é explicada de outra forma pelo governo. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Segurança e Defesa Social (Seds) afirmou que não houve fechamento de delegacias. O que aconteceu, segundo a Seds, foi o remanejamento de dois plantões: o de Bayeux e o de João Pessoa, que continuam abertas durante o dia, mas fecham à noite.

Ainda de acordo com a Seds, na mesma ocasião em que essas mudanças foram realizadas pela Delegacia Geral, várias especializadas começaram a funcionar em regime de plantão 24 horas, como a Homicídios, Roubos e Furtos e a Delegacia de Repressão a Entorpecentes, por exemplo. À noite, a Polícia Militar leva os flagrantes para as delegacias ou polos de plantão. Nas ocorrências sem violência o cidadão pode utilizar a delegacia on-line.

A secretaria lembrou que em algumas cidades da Paraíba outras delegacias e núcleos foram abertos. Um dos exemplos é a Delegacia do Idoso, em Campina Grande, e os núcleos de homicídios e de atendimento à mulher, nos municípios de Queimadas e Esperança. Contudo, é importante ressaltar que na zona rural o clima de insegurança assusta a população, que reclama da falta de policiamento na área.

Governo afirma que investimento em segurança superou os R$ 200 milhões em 2014

Em meio à insastifação da população, o secretário Cláudio Lima, titular da Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Seds) informou que, no ano de 2014, foram investidos mais de R$ 202 milhões em ações da pasta, incluindo convênios, folha de pagamento, manutenção de veículos, radiocomunicação, material de consumo, manutenção de materiais do Instituto de Polícia Científica (IPC), reforma e adaptação de imóveis, cursos de capacitação, reforma, recuperação e ampliação de delegacias.

O helicóptero adquirido no ano passado também entra na lista de investimentos do governo estadual na segurança pública, assim como autoplataformas para os bombeiros militares, construção de duas delegacias (em padrão integrado para as polícias Civil e Militar) nas cidades de Mari e Parari, e o prédio do IPC em Campina Grande. Segundo a assessoria de imprensa da Seds, os valores dessas aquisições não estão inclusas no valor de R$ 202 milhões. Para o ano que se inicia, o orçamento previsto é de mais de R$ 219 milhões, incluindo as ações de 2014 e outros convênios, a exemplo de um repasse do programa Brasil Mais Seguro, do Governo Federal.

Dentre os projetos para 2015, segundo o secretário, está a ampliação e o aperfeiçoamento do programa Paraíba Unida pela Paz, que visa a diminuição dos homicídios e dos crimes patrimoniais, bem como o enfrentamento permanente às drogas. Vale lembrar que na maioria dos casos de homicídios, os crimes estão relacionados ao envolvimento com o tráfico de drogas, segundo a própria secretaria.

De acordo com a resposta enviada pela assessoria de imprensa da Seds, essas três ações estão dentro de um planejamento estratégico elaborado para os próximos dez anos, ou seja, até o ano de 2024. “O documento será apresentado ao governador, para que seja validado. O nosso objetivo é dar uma resposta cada vez mais eficiente à população”, destacou a nota enviada pela Seds ao JORNAL DA PARAÍBA. A busca de parcerias com outros órgãos estaduais e federais visando a implantação do programa 'Crack, é possível vencer', na Paraíba.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp