Desinteresse altera resultado

É esta inversão que os defensores do voto nulo não consideram na hora de anular seus votos em tempos de urnas eletrônicas, onde não é possível escrever na cédula que o voto vai para "Macaco Tião" ou para o "Rinoceronte Cacareco", conforme explica Alexandre. As últimas eleições são um bom exemplo da diferença que estes votos fariam no resultado final, especialmente na escolha da atual presidente.

Em todo o Brasil, segundo dados do TRE-PB, foram 34 milhões de votos nulos, brancos e ausências. Para se ter ideia, Dilma venceu o primeiro turno com 47 milhões de votos. Serra recebeu 33 milhões. Ou seja, mais pessoas anularam, não foram ou votaram em branco do que votaram no segundo colocado das eleições.

“O resultado poderia ter sido bem diferente. E se parte destes votos tivessem sido dados a Marina Silva, por exemplo? Será que ela não conseguiria seguir para o segundo turno?”, questionou Coura na palestra. Na Paraíba, de um total de 2,7 milhões de eleitores, 844 mil ou não foram às urnas, anularam ou votaram em branco.

PEQUENA
Se nas eleições nacionais esses números fazem diferença, nas eleições municipais o caso é ainda mais sensível. Na Paraíba, 96% das cidades contam com menos de 30 mil habitantes.

Apenas onze cidades na Paraíba são maiores do que isso, ou seja, geralmente são dois candidatos disputando os votos dos eleitores e a diferença no número de votos entre os candidatos é mínima.

É o caso de Água Branca, no Sertão paraibano, onde a diferença de votos entre o primeiro e o segundo colocados nas últimas eleições foi de apenas 85. O município conta com cerca de 10 mil habitantes e 7.065 eleitores, Mais de 1,6 mil não estiveram presentes às eleições. “Imagine se 86 eleitores que se abstiveram de participar do pleito tivessem votado no segundo colocado. A situação teria sido totalmente diferente", exemplificou.