POLÍTICA
Em carta assinada por João Azevêdo, governadores do NE repudiam falas de Zema
Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) criticou ações voltadas ao Norte-Nordeste. Carta assinada por João Azevêdo em reação às falas foi divulgada neste domingo (6).
Publicado em 06/08/2023 às 14:58
O Consórcio Nordeste, cujo presidente é o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), publicou neste domingo (6) uma carta que repudia as falas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre o protagonismo do sul e sudeste. O chefe do executivo mineiro defendeu a "frente" Sul-Sudeste contra iniciativas exclusivamente destinadas ao Norte-Nordeste.
A carta publicada pelo Consórcio Nordeste é uma reação à fala dada por Romeu Zema em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada no sábado (5). O gestor mineiro defendeu as ações do Cossud (Consórcio Sul-Sudeste), presidido pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e disse que "estados menores" conseguem aprovar diversos projetos em Brasília, enquanto o Sul e o Sudeste "perdem".
Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso.
Zema também questionou o repasse de verbas federais para regiões como o Norte e o Nordeste, afirmando que também há problemas sociais no Sul e no Sudeste.
Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade...Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década", afirmou Zema.
Reação do Consórcio Nordeste
Em carta assinada por João Azevêdo (PSB), o Consórcio Nordeste demonstra repúdio às falas de Zema e afirma que o grupo tem como objetivo fomentar o crescimento econômico da região, através da união de esforços para diminuir as desigualdades sociais.
Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais", diz o documento.
Os governadores nordestinos também afirmam que não têm intenção de criar uma "guerra" com os estados das demais regiões brasileiras, mas sim de "compensar as desigualdades de oportunidades de desenvolvimento".
A união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento", diz.
Por fim, o Consórcio Nordeste reitera o apoio prestado a uma "união nacional" em prol do bem público e do desenvolvimento do Brasil como um todo, incentivando, inclusive, a união entre os próprios estados do Sul e Sudeste.
A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo", finaliza o documento.
Além da carta publicada pelo Consórcio Nordeste, vários políticos, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) manifestaram repúdio às falas do chefe do executivo mineiro.
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