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POLÍTICA

Em depoimento a Moro, Cunha diz ter aneurisma cerebral

Ex-deputado também afirmou que Temer influenciou indicações para Petrobras.

Publicado em 08/02/2017 às 8:51

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi interrogado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, pela primeira vez na terça-feira (7). Durante o depoimento ele disse que tem um aneurisma cerebral e negou participação em esquema de propinas. O deputado cassado disse que o presidente Michel Temer (PMDB) teve influência em nomeações para cargos para a Petrobras. Cunha foi ouvido em uma ação penal em que é réu.

"Eu gostaria de dizer que eu também sofro do mesmo mal que acometeu a ex-primeira dama Marisa Letícia, o aneurisma cerebral. Aproveito até para prestar à minha solidariedade a família pelo passamento", disse o ex-presidente da Câmara. Por conta da afirmação, Cunha teve exames marcados para a quarta-feira (8) para verificar seu quadro clínico, segundo o diretor do Departamento Penitenciário (Depen) do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo.

Cunha afirmou a Moro, citando parte da denúncia, que o presidente Michel Temer participou de uma reunião com a bancada do PMDB para discutir a nomeação de diretores da Petrobras.

"Essa reunião [tratando de uma nomeação para Petrobras] ocorreu. Eu fui comunicado dessa reunião, tanto eu quanto Fernando Diniz, na época, pelo próprio Michel Temer e pelo Henrique Alves". O deputado cassado disse que a reunião foi em resposta a nomeações feitas pelo PT.

"Era um desconforto que existia com as nomeações do PT, de Graça Foster, para a Diretoria de Gás, e Zé Eduardo Dutra [José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT], para a presidência da BR Distribuidora, teriam sido feitas sem as nomeações do PMDB terem sido feitas".

Na saída da audiência, o advogado de Cunha, Marlus Arns, falou sobre a citação a Temer e ressaltou que seu cliente negou a cobrança de propina. "Em nenhum momento ele admitiu essa questão da propina e negou categoricamente que existia essa questão da propina", afirmou o defensor.

Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa do Palácio do Palácio disse que "o presidente Michel Temer reafirma que não participou de reunião no Palácio do Planalto sobre indicação do PMDB para cargo na Petrobras."


Revogação de prisão

Cunha disse, em seu depoimento, que o juiz devia atender o pedido da defesa de revogar sua prisão, porque, na opinião dele, dupla cidadania e risco de fuga não configuram prisão preventiva. Ele disse ainda que não possui recurso no exterior.

"Que Vossa Excelência possa aproveitar este momento e me permitir, como qualquer cidadão, já que o Supremo decidiu que o cumprimento da sentença tem que ser a partir da condenação em segundo grau, que me permita seguir o Supremo, se por ventura, eu tiver uma condenação confirmada e não tenha uma antecipação de cumprimento de pena, e numa condição degradante como a transferência para um presídio onde lá eu to colocado em uma situação absurda".

Durante o interrogatório, Sérgio Moro pediu que o ex-deputado falasse sobre os trusts – empresas utilizadas para fazer a custódia e a administração dos bens, interesses e dinheiro – que detinha no exterior.

O ex-presidente da Câmara disse que as empresas Triumph, Orion e Netherton foram criadas para administrar valores e tomar as decisões sobre os investimentos. De acordo com Cunha, em apenas um momento ele teve uma procuração para fazer algumas transações limitadas da Orion.

Eduardo Cunha também afirmou que a transferência dos valores da Triumph e da Orion, para a Netherton, foi feita em abril de 2014, no início da Operação Lava Jato – que teve a primeira fase deflagrada em 17 de março de 2014 –, mas que a decisão de transferir o dinheiro foi tomada em janeiro, por orientação do próprio banco.

O juiz federal perguntou se, durante depoimento espontâneo na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Petrobras, quando Eduardo Cunha declarou que não tinha contas no exterior, o ex-deputado não entendeu que era relevante prestar as informações sobre os trusts.

Eduardo Cunha disse que falou a verdade conforme a pergunta que lhe foi feita. "Se tivessem me feito a pergunta completa, eu teria respondido a verdade completa", pontuou.

Sérgio Moro perguntou, então, se o ex-deputado não considerava que tinha obrigação de revelar essa informação. Eduardo Cunha disse então que acha que falou a verdade, de acordo com a pergunta feita a ele. "Eu não tinha razão nenhuma para mentir, até porque eu não minto. Consequentemente, eu fui lá e falei a verdade", declarou.

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Jornal da Paraíba

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