POLÍTICA
Empresário alvo de CPI é encontrado morto em Campina Grande
Roberto Carlos Cantalice de Medeiros, 60 anos, foiachado morto, por volta das 11h15 desta sexta-feira (14), em seu apartamento, em uma rede.
Publicado em 15/08/2015 às 9:20
A três dias de ser convocado pela 'CPI do Tesoureiro' para prestar depoimento sobre o seu envolvimento em um possível esquema de irregularidades em licitação e desvios de verbas na gestão do ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rêgo (PMDB), o empresário Roberto Carlos Cantalice de Medeiros, 60 anos, foi encontrado morto, na manhã de sexta-feira (14), em seu apartamento, às margens do Açude Velho, em Campina Grande. Segundo o Instituto de Polícia Científica (IPC), a causa da morte de Cantalice foi insuficiência respiratória, informação que ainda não permite aos peritos precisar se a morte foi por causas naturais ou provocada por alguma substância química.
Para esclarecer a morte do empresário, os peritos vão realizar exames toxicológicos e anatomopatológicos que, segundo o diretor do IPC, em Campina Grande, Márcio Leandro, devem detectar se havia alguma substância química no corpo de Cantalice e o que provocou a insuficiência respiratória. Os resultados desses exames devem ser divulgados em um prazo de 30 dias. Conforme os peritos, o óbito ocorreu entre 5h e 6h, mas o corpo só foi encontrado pela namorada de Roberto, dentro de uma rede, por volta das 11h15.
DEPRIMIDO
Enquanto os exames não são concluídos, a Delegacia de Homicídios de Campina Grande segue investigando o caso. Na tarde de ontem, a delegada Tatiana Matos ouviu os depoimentos da namorada e de duas filhas do empresário. Segundo ela, os familiares relataram que o engenheiro não vinha se queixando de problemas de saúde, mas estava angustiado e deprimido com o envolvimento de seu nome nas denúncias feitas pelo ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande Rennan Trajano, que o acusa de ter colaborado com o esquema, que teria desviado R$ 10 milhões dos cofres públicos.
EXAMES NO CORPO
“Nós temos que aguardar os laudos, mas enquanto isso, seguimos com os depoimentos e com o trabalho investigativo. Na primeira avaliação feita no apartamento, não foi encontrado nada atípico. No corpo também não havia sinais de violência ou envenenamento, como se especulou, mas ainda não é possível afirmar se estamos falando de um crime, de uma morte natural ou provocada por ele”, esclareceu a delegada. Ela explicou ainda que, dependendo do resultado dos exames, o caso poderá ser arquivado, em caso de morte natural; ou encaminhado para uma delegacia distrital, se for comprovado que houve crime. O corpo de Cantalice foi liberado no final da tarde de ontem. Atualmente, ele trabalhava na Secretaria de Obras de Campina Grande.
ENTENDA O CASO
No mês de julho, o ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande Rennan Trajano procurou o Ministério Público Federal e o Ministério Público da Paraíba (MPPB) para denunciar um suposto esquema de corrupção, que teria desviado dinheiro de contratos de obras de pavimentação, drenagem e esgotamento sanitário da PMCG para a campanha ao Senado, em 2010, de Vital do Rêgo Filho, irmão do ex-prefeito Veneziano Vital e atual ministro do Tribunal de Contas da União. Segundo as denúncias de Rennan, Cantalice, junto com a ex-esposa, criou uma pequena empresa em abril de 2009, mesmo sendo servidor público dos quadros da prefeitura. A partir de então, a empresa passou a se chamar JGR e venceu uma licitação, de valor superior a R$ 10 milhões.
Na denúncia, o ex-tesoureiro diz que as obras não foram executadas pela empresa, que mesmo assim recebeu o pagamento pelo serviço, com aval de Roberto Cantalice, que era o engenheiro da prefeitura responsável por fiscalizar as obras. Na denúncia consta que, ao receber o pagamento das obras não executadas, a JGR repassava para Rennan Trajano, que liberava para a campanha de Vitalzinho. Tanto Vital do Rêgo quanto Veneziano negam.
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