POLÍTICA
Operação Calvário: Festa de 50 anos de Gilberto e Livânia teria sido paga com propina da Cruz Vermelha
Decisão detalha como funcionava o esquema relativo ao ex-procurador.
Publicado em 30/04/2019 às 15:53 | Atualizado em 30/04/2019 às 18:26
A deflagração de mais uma fase da Operação Calvário, na manhã desta terça-feira (30), trouxe à tona mais detalhes de como funcionava o esquema de corrupção na gestão pactuada da Organização Social Cruz Vermelha no Hospital de Trauma de João Pessoa. Além do recebimento de propina através de servidores públicos, Gilberto Carneiro e Livânia Farias, ambos ex-auxiliares do governador João Azevêdo (PSB), foram beneficiados com pequenas regalias.
Isto foi o que ficou exposto no despacho do desembargador Ricardo Vital de Almeida, que autorizou a quarta fase da Operação Calvário. Segundo os autos, o Ministério Público destaca fatos que, em essência, apontam para a autonomia do servidor Leandro Nunes, um dos operadores do esquema do governo do estado com a Cruz Vermelha, que teria patrocinado a festa de aniversário de 50 anos de Gilberto Carneiro e Livânia Farias, "mencionando a possibilidade de parte do evento ter sido financiado com valores oriundos do caixa da organização criminosa sob investigação".
O juiz também relata que Gilberto Carneiro e a esposa (Ana Patrícia da Costa Silva Carneiro Gama) se utilizaram de facilidades propiciadas por Daniel Gomes. O casal teria viajado ao Rio de Janeiro entre os dias 14 a 16 de julho de 2014, sendo recepcionado por Michele Lousada, também operadora do esquema.
A reportagem do Jornal da Paraíba tentou contato com Gilberto Carneiro, mas até a liberação da matéria não obteve retorno.
4ª fase da Calvário
A nova fase da Operação Calvário visa obter provas da atuação de Gilberto Carneiro junto à organização criminosa sob investigação, a qual teria como um dos operadores Geo Luiz de Souza Fontes, bem assim demonstrar a aquisição de patrimônio ilícito por Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, ocupante do cargo comissionado de assistente de gabinete com lotação na Procuradoria-Geral do Estado, a qual pode estar ocultando bens pertencentes a ela e/ou terceiros integrantes da ORCRIM.
Segundo relata o Ministério Público, com a permanência de Gilberto Carneiro à frente da Procuradoria-Geral do Estado, Maria Laura permaneceu intocável, malgrado existirem elementos indiciários de nunca haver ela efetivamente exercido o cargo, tratando-se de mera acomodação administrativa. Mesmo após a deflagração da Operação Calvário, no Rio de Janeiro, a investigada se manteve no cargo.
O MP ventila ainda a possibilidade de Maria Laura ter exercido funções semelhantes as que Leandro Azevedo exercia para Livânia Farias, ex-secretária de Administração do Estado, como as de realizar as operações de coleta e ocultação de valores, afirmando ser ela ligada administrativamente a Gilberto Carneiro.
Entenda o caso
As investigações tiveram início a partir do compartilhamento de parte do acervo probatório da Operação Calvário, desempenhada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra a Cruz Vermelha do Brasil – filial do Rio Grande do Sul (CVB/RS), Organização Social contratada pelo Governo da Paraíba e que teria sido utilizada como instrumento para a operacionalização de uma organização criminosa em diversos estados, dentre eles o paraibano.
O compartilhamento de provas, realizado mediante autorização judicial, apontou o recebimento de propina na gestão feita pela Cruz Vermelha no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, um dos hospitais de referência, no Estado da Paraíba, na área de traumatologia, queimados e outros serviços de urgência e emergência clínico-cirúrgica, de baixa, média e alta complexidade.
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