POLÍTICA
Frei Anastácio entrega relatório a Gominho sobre crime no campo
Ex-deputado estadual 34 nomes de pessoas apontadas como integrantes de um “braço” do crime organizado no campo.
Publicado em 13/01/2010 às 14:11
Da Redação
O ex-deputado estadual e atual superintendente do Incra na Paraíba, Frei Anastácio, entregou nesta quarta-feira (13) relatório à Secretaria de Segurança do Estado da Paraíba com 34 nomes de pessoas apontadas como integrantes de um “braço” do crime organizado no campo. Os nomes são frutos de investigações feitas durante realização da CPI do Campo em 2001 e 2002.
O relatório apresenta 16 nomes de capangas que trabalham em fazendas, 12 policiais militares (soldados, cabos, sargentos e um tenente), além de um agente de investigação da polícia civil. O documento também aponta cinco proprietários rurais acusados de financiar as milícias armadas no campo. “Esse “braço” do crime organizado tem como alvos agentes pastorais, sindicalistas, religiosos, assentados da reforma agrária, acampados e agricultores familiares”, relata o superintendente do Incra.
Segundo Frei Anastácio, os capangas e os policiais atuam em quatro grupos nas regiões do Agreste, Vale do Mamanguape e Várzea. “A eles é atribuída a execução de vários homicídios nos últimos vinte anos. Entre os assassinados estão o de Antônio Joaquim Teotônio, morto em 1999 com tiro de rifle calibre 44, em Cruz do Espírito Santo; Sandoval Alves de Lima, morto em 2000 no município de Sapé; e Almir Muniz que desapareceu em 2002, em Itabaiana e tem como principal suspeito pela sua morte um policial civil”, destaca o ex-parlamentar.
O relatório mostra que os crimes praticados pelos grupos se concentram nos municípios de Pilar, São Miguel de Taipu, Sobrado, Sapé, Cruz do Espírito Santo, Itabaiana, Mogeiro, Juarez Távora, Curral de Cima e Jacaraú. Os relatos detalhados de torturas e todos os delitos estão nos depoimentos prestados durante a realização da CPI. “Um dos relatos mais extensos é o do arcebispo emérito da Arquidiocese da Paraíba, Dom Marcelo Carvalheira, que foi vitima da ação do crime organizado no campo”, disse Frei Anastácio.
O ex-deputado disse que resolveu entregar o relatório ao secretário de segurança pública, Gustavo Gominho, porque acredita no trabalho, na seriedade e na coragem que ele teve de denunciar e apurar a existência do crime organizado na Paraíba.
“Estou entregando esse relatório em nome do Incra e dos movimentos sociais do campo. O pedido de apuração dessas denúncias graves da CPI, que estavam adormecidas há sete anos, atende ainda ao clamor das muitas famílias que já sofreram e ainda sofrem com a ação desses grupos criminosos”, disse o religioso.
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