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POLÍTICA

"Gestão de Polari foi marcada por desordem", diz Margareth

Reitora da Universidade Federal da Paraíba, Margareth Diniz, completa seis meses de reitorado.

Publicado em 30/06/2013 às 8:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:04

A reitora da Universidade Federal da Paraíba, Margareth Diniz, completa seis meses de reitorado com o desafio de colocar a instituição entre as três melhores universidades do Nordeste. “Esse é o nosso propósito e nós estamos trabalhando de forma muito determinada para isso”, afirmou. Em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA, ela relatou os problemas deixados pela gestão passada e disse que havia “uma tremenda desordem administrativa em todos os setores da instituição”. Margareth adotou o projeto Universidade Participativa, que promove audiências públicas com a comunidade universitária para definir as prioridades que serão colocadas no orçamento da UFPB.

JORNAL DA PARAÍBA - Nesses seis meses da sua gestão, o que foi possível realizar e qual a herança que a senhora encontrou?

MARGARETH - A herança foi a tremenda desordem administrativa em todos os setores da instituição. Eu digo que até assustou os pró-reitores e as pessoas que ocupam cargos de direção. Nós traçamos uma meta para esses quatro anos de gestão e essa meta é que a Universidade Federal da Paraíba vai ser uma das três melhores universidades do Nordeste. Esse é o nosso propósito e nós estamos trabalhando de forma muito determinada para isso.

JP - De que maneira?

MARGARETH - A universidade é um tripé: ensino, pesquisa e extensão. Uma das coisas inovadoras que foi concluída agora é a universidade participativa. São audiências públicas em todos os locais da UFPB envolvendo os três segmentos, professores, servidores e estudantes, para que a gente possa definir o destino de uma quantidade significativa de recursos financeiros extra matriz orçamentária. O que isso significa dizer? Quando o MEC manda o dinheiro para a universidade, nós rodamos a matriz orçamentária e destinamos recursos para os centros e para os vários locais. Resta um quantitativo significativo de recursos, cerca de R$ 20 milhões, e nós estamos destinando R$16 milhões para atender às demandas, fruto das audiências públicas do chamado projeto Universidade Participativa. É um projeto exitoso, criado e pensado pelo professor Gustavo Tavares. Além disso, esse mesmo grupo fez o PITS, que é o Programa de Incentivo ao Aumento da Taxa de Sucesso dos Cursos de Graduação. Eu digo que é um programa pra frente. Quando nós chegamos aqui, de cada 100 estudantes, apenas 39 concluíram o curso. Isso é extremamente preocupante, uma universidade com 39% de conclusão de curso e uma taxa de evasão altíssima. E por que os alunos não estão ficando na universidade? Nós achamos que faltava uma política de assistência estudantil, faltava chegar até o estudante e saber se ele trabalha. Muitas vezes entre o trabalho e a universidade ele vai ficar com o trabalho, que é de onde vem o sustento dele. Onde nós vamos buscar bolsas para permitir que esses estudantes permaneçam e concluam o curso superior na nossa instituição? É uma série de ações que foram efetivadas e de fato eu tenho certeza que terminado esse período nós teremos uma universidade mais progressista, mais efetiva e que de fato venha atender aos anseios da sociedade.

JP - A senhora falou em desordem administrativa. Que tipo de irregularidade grave a gestão passada deixou?

MARGARETH - Em todas as pró-reitorias nós temos problemas. Essa questão da evasão é a falta de um trabalho para manter o estudante na universidade. A nossa pró-reitoria administrativa é extremamente desorganizada. A universidade tem a obrigação de fazer exame periódico dos professores e dos servidores técnico-administrativos e recebe um quantitativo significativo de recursos do governo federal. Esse ano foi no valor de R$ 700 mil. Pois bem, nos últimos quatro anos a universidade devolvia os recursos, porque nunca foi feito o exame periódico e aí não se justifica uma universidade estar devolvendo recursos financeiros. Nós deveríamos ter um quantitativo de professores efetivos e um quantitativo para substitutos. O que nós encontramos aqui é um quantitativo de professores temporários, com prazo de validade, que termina agora no dia 28 de junho. Nós estamos tentando em Brasília prorrogar isso e transformar em professor substituto porque o banco de equivalência que deveria ter 90% de efetivo e 10% para professor substituto estava desorganizado, de modo que está difícil hoje até a pessoa tirar licença-maternidade, licença-saúde, de sair para fazer capacitação. Temos também as obras da universidade, que foram entregues e inauguradas sem possibilidade nenhuma de começar qualquer ação. As obras não tinham licença ambiental, não tinham licença para construção. Então, tudo isso nos assustou.

JP - Como anda o processo de terceirização do Hospital Universitário?

MARGARETH - Na verdade não é terceirização. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) foi a única opção que o governo federal deu aos hospitais universitários. É tanto que lá em Brasília eu sempre pergunto: se é essa a única opção por que não veio uma determinação dizendo que essa era a única opção? A verdade é que os hospitais passam por uma situação caótica. O Hospital Universitário é um órgão suplementar da reitoria, embora durante todo o processo eleitoral se quisesse passar que era do Centro de Ciências da Saúde, do Centro de Médicas e não é. O hospital é um órgão suplementar da reitoria. Nós temos lá, nos corredores do hospital, um aparelho de ressonância de última geração. A Paraíba é um Estado pobre e como é que você pode há mais de três anos ter um aparelho como esse parado? Nós já pagamos o projeto para a instalação dos aparelhos, já conseguimos lá em Brasília os recursos para que a gente faça a instalação. Eu espero que em 90 dias nós tenhamos o aparelho de ressonância funcionando para que a gente possa atender a sociedade. A situação do HU é crítica e sem o apoio do governo federal ele vai à falência. Mas nós queremos o hospital para o ensino, pesquisa e extensão, até porque ele já tem essa denominação de Hospital Universitário e em consequência prestando uma boa assistência à sociedade, sendo um hospital de média e alta complexidade, executando serviços que não são feitos em outros locais. O HU é fundamental não só para João Pessoa, mas para o Estado como um todo. Nós temos um compromisso de que ele precisa funcionar e vamos buscar a solução para esse problema.

JP - A senhora está tendo apoio dos políticos da Paraíba em Brasília?

MARGARETH - De todos. Dos deputados federais e dos senadores, todos têm dado apoio. O ministro Aguinaldo Ribeiro também tem nos apoiado. É com grande gratidão que eu digo que os políticos da Paraíba têm dado um grande apoio para viabilizar o nosso acesso aos ministérios. Todos eles têm nos recebido muito bem em Brasília para viabilizar ações em prol da UFPB.

JP - Como anda a sua relação com a comunidade universitária?

MARGARETH - É a melhor relação possível. Pela proposta de ser uma administração participativa, democrática e sobretudo transparente, o relacionamento tem sido muito bom. Por exemplo, na relação com os estudantes. A ouvidoria antigamente funcionava num espaço que era difícil até de se chegar lá. Hoje, na entrada da universidade, você tem a ouvidoria funcionando. Nós temos uma coordenação multicampi. Muitas vezes o pessoal vinha de Areia, Bananeiras, do litoral norte e não tinha nem onde sentar, onde acessar um computador. Nós temos uma coordenação que faz, para além desse acolhimento no Campus I, ações efetivas com os diretores de centros nos outros campi. Nós temos também um programa exitoso que se chama Universidade no seu Município. Com os servidores também temos uma boa relação. Antigamente o servidor técnico-administrativo não ocupava cargo de pró-reitoria. Nós modificamos a Resolução e hoje temos pró-reitores que são servidores técnico-administrativos. Uma grande conquista para os servidores nessa nossa gestão são os cursos de capacitação e qualificação. É lamentável que nós tenhamos cerca de quase 200 servidores da instituição fazendo mestrado e doutorado no Uruguai, Argentina, Bolívia. Nós temos oito novos cursos de mestrado, cinco novos cursos de doutorado e queremos que o servidor faça sua pós-graduação aqui na nossa universidade.

JP - A senhora acha que a universidade tem necessidade de realizar concurso público para professor e servidor?

MARGARETH - Há um déficit enorme de servidor técnico-administrativo e essencialmente de professor. A UFPB duplicou, com o programa Reuni, de 50 para mais de 120 cursos. Nós saímos de 15 mil estudantes para cerca de 40 mil estudantes, entre presencial e educação a distância, ou seja, nós quantificamos. Por isso que o nosso slogan de mudar para qualificar é verdadeiro. Nós queremos agora consolidar esses cursos recém-criados e só na sequência pensar na criação de outros cursos que sejam essencialmente necessários para atender a sociedade paraibana.

JP - Os jovens têm saído às ruas para protestar pelo passe livre nos transportes coletivos e por outras reivindicações. A universidade apoia esses movimentos?

MARGARETH - Claro que apoiamos. A ex-ministra Marina Silva, que participou de um debate na UFPB, disse uma coisa bem interessante: que era um movimento virtual, nas mídias digitais, e que agora se concretizou de forma presencial. O pessoal saiu da mídia digital e foi de fato para as ruas dizer da sua insatisfação. Nós esperamos que o governo, e nós nos incluímos nisso, possa atender às demandas da sociedade, que são legítimas e que devem ser reconhecidas.

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Jornal da Paraíba

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