Impeachment une adversários e separa aliados nos legislativos da Paraíba

Os debates em torno do processo de impeachment da presidente Dilma Roussef (PT), que tramita na Câmara Federal, tem provocado posicionamentos divergentes entre aliados de bancadas na Assembleia Legislativa da Paraíba e, ao mesmo tempo, unindo opositores na Câmara Municipal de João Pessoa. Até mesmo os advogados inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil da Paraíba (OAB-PB) estão divididos sobre a legalidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ontem, um grupo realizou ato, na Praça dos Três Poderes, em João Pessoa, contra o posicionamento da OAB-PB, que oficializou apoio à retirada da presidente do poder.

Embora o governador Ricardo Coutinho (PSB) faça a defesa aberta da presidente Dilma, mesmo contrariando a orientação nacional do seu partido, integrantes de sua base aliada têm revelado posicionamento diferente. O caso mais recente é do secretário de articulação política do governo, Trocolli Junior, que é deputado estadual licenciado. Trocolli saiu do PMDB para o PROS, mas o PMDB ainda não saiu dele. Em passagem ontem pela Assembleia, o secretário se posicionou favorável ao impeachment. “Quando se ameaça o impeachment, a bolsa sobe e o dólar cai. Isso é um reflexo de que esse governo não pode mais continuar à frente do nosso país”, completou, ao acrescentar que se fosse deputado federal, votaria a favor do impedimento.

A mesma opinião de Trocolli é compartilhada pelo deputado Ricardo Barbosa (PSB), que além de aliado é correlegionário de Coutinho no PSB. O socialista participou dos protestos contra o governo petista realizados no último dia 13 de março, posicionando-se em favor da deposição de Dilma. Acabou sendo pressionado a deixar a liderança do 'blocão' governista na Assembleia.

Em contrapartida, o presidente da Assembleia, Adriano Galdino (PSB), segue à risca a cartilha do governador e também já se posiciona publicamente contra o impeachment. Durante a sessão ordinária de ontem, tomou para si uma postagem do ex-prefeito de Campina Grande Félix Araújo Filho, nas redes sociais, no qual defende que não é 'lulista', nem 'dilmista', nem 'petista'. “No entanto, como cidadão, digo sem receio e sem reserva: esse mais recente disparate neofascista, consistente no pedido de prisão preventiva para o ex-presidente Lula, é o limite do extremo do emporcalhamento das garantias constitucionais à liberdade e à dignidade”.

Já o deputado Frei Anastácio (PT), que alega ser independente na Casa, mas transita mais pela oposição a Coutinho, quando o assunto é impeachment, muda de opinião sobre o governador. Ontem ele parabenizou Ricardo pela defesa de Dilma. O petista Anísio Maia foi mais além e propôs voto de aplauso ao governador.