POLÍTICA
João e demais governadores do NE decidem contrariar Bolsonaro e seguir orientações dos órgãos de saúde
Em carta, eles afirmam que o momento só será vencido com "muito trabalho, bom senso e equilíbrio”.
Publicado em 25/03/2020 às 16:42 | Atualizado em 26/03/2020 às 8:11
Em reunião realizada nesta quarta-feira (25), o governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania) e os demais governadores dos estados da Região Nordeste decidiram que seguirão as orientações recomendadas pelos órgãos de saúde, com o objetivo de combater o novo coronavírus. A medida contraria o discurso do presidente Jair Bolsonaro, que na terça-feira (24), afirmou que o isolamento social deveria ser apenas para os idosos com mais de 60 anos e que segmentos como educação e economia precisam voltar a funcionar.
Em carta encaminhada ao presidente , os governadores destacaram que o sentimento nordestino, em relação à atitude de Bolsonaro é de frustração, por causa do “posicionamento agressivo da Presidência da República, que deveria exercer o seu papel de liderança e coalizão em nome do Brasil”.
Preocupado prioritariamente com a economia do país, o presidente novamente classificou a Covid-19 como “gripezinha” e “resfriadozinho”. Na carta redigida pelos governadores do Nordeste, os chefes dos estados entendem que o momento atual do país só será “vencido com muito trabalho, bom senso e equilíbrio”.
Para o mesmo setor que Bolsonaro externa preocupação, os governadores afirmaram que entendem que “cabe ao Governo Federal, uma ação urgente voltada aos trabalhadores informais e autônomos”, destacando que “agressões e brigas não salvarão o país”.
Veja a íntegra da carta dos governadores do Nordeste:
Em conferência realizada na tarde desta quarta-feira, 25 de março de 2020, nós governadores do Nordeste pactuamos:
1 – O momento vivido pelo Brasil é gravíssimo. O Coronavírus é um adversário a ser vencido com muito trabalho, bom senso e equilibro;
2 – Vamos continuar adotando medidas baseadas no que afirma a ciência seguindo orientação de profissionais de saúde, capacitados para lidar com a realidade atual;
3 – Vamos manter as medidas preventivas gradualmente revistas de acordo com os registros informados pelos órgãos oficiais de saúde de cada região;
4 – É um momento de guerra contra uma doença altamente contagiosa e com milhares de vítimas fatais. A decisão prioritária e a de cuidar da vida das pessoas, não esquecendo da responsabilidade de administrar a economia dos estados. É um momento de união, de se esquecer diferenças políticas e partidárias. Acirramentos só farão prejudicar a gestão da crise;
5 – Entendemos que cabe ao Governo Federal ação urgente voltada aos trabalhadores
informais e autônomos. Agressões e brigas não salvarão o País. O Brasil precisa de
responsabilidade e serenidade para encontrar soluções equilibradas;
6 – Ao mesmo tempo, solicitamos a necessidade urgente de uma coordenação e cooperação nacional para proteger empregos e a sobrevivência dos mais pobres;
7 - Ficamos frustrados com o posicionamento agressivo da Presidência da República, que deveria exercer o seu papel de liderança e coalizão em nome do Brasil.
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