POLÍTICA
Júri do caso Manoel Mattos deve durar 3 dias
Advogado Manoel Mattos foi assassinado em janeiro de 2009, e havia denunciado a existência de grupos de extermínio.
Publicado em 15/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 27/04/2023 às 13:20
O júri do caso Manoel Mattos Neto, marcado para as 9h da próxima segunda-feira, na Justiça Federal, já causa movimentação e articulação de órgãos ligados a entidades de defesa dos direitos humanos em João Pessoa. Devido à grande quantidade de documentos a serem analisados e de pessoas a serem ouvidas, a expectativa é que o julgamento seja realizado em três dias.
Ontem, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Paraíba (OAB-PB), a mãe do advogado assassinado, Nair Ávila, conversou com a imprensa sobre a expectativa para o julgamento dos cinco réus acusados de matar Manoel Mattos, em janeiro de 2009.
Emocionada, ela disse que espera que os acusados sejam condenados. “Tenho muita fé que a Justiça seja feita. Meu filho era íntegro, correto e trabalhador e me fez ter forças de vir até aqui”, declarou. Segundo Nair Ávila, outras pessoas envolvidas com o homicídio de Mattos continuam soltas. “Tenho muita saudade do meu filho, mas também tenho muita pena do povo de Pedras de Fogo e Itambé, é a fronteira do medo”, afirmou.
Ela frisou a participação de um policial militar no crime, conforme denúncia feita pelo Ministério Público. “Não é por conta desse fato que acho que todos os policiais são ruins. Sei que em todas as profissões existem 'laranjas podres' e foi isso que levou meu filho embora”, comentou Nair, acompanhada de escolta policial.
Quem também esteve no local foi Percílio de Sousa Lima Neto, vice-presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), que ressaltou a importância da federalização do caso Manoel Mattos, em outubro de 2010, e da promotora Rosemary Souto Maior.
O advogado Manoel Mattos atuava na linha de defesa dos direitos humanos e denunciou a existência de grupos de extermínio nas cidades de Pedras de Fogo e Itambé, na divisa dos estados da Paraíba e Pernambuco.
Para o Ministério Público, essa foi a causa de sua morte, que teria sido motivada por vingança. O assassinato se tornou ícone na luta de defesa aos direitos humanos no país. O caso foi o primeiro e único do Brasil a ser federalizado. Dos cinco réus, quatro estão presos e um em liberdade, após conseguir habeas corpus do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB).
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