POLÍTICA
Liga Canábica debate com vereadoras contrárias ao uso medicinal da maconha
Entidade emitiu voto de repúdio contra Eliza Virgínia e Raíssa Lacerda.
Publicado em 30/04/2019 às 16:41 | Atualizado em 30/04/2019 às 18:27
Representantes da Liga Paraibana em Defesa da Cannabis Medicinal (Liga Canábica) foram a Câmara Municipal para conversar com as vereadoras de João Pessoa, Eliza Virgínia (PSDB) e Raíssa Lacerda (PSD), na manhã desta terça-feira (30). As duas parlamentares se posicionaram contrárias à instituição do dia 7 de maio como Dia Estadual de Visibilidade da Cannabis Terapêutica.
A comemoração, que é já é lei em João Pessoa, foi aprovada na Assembleia Legislativa da Paraíba na semana passada. Eliza Virgínia, que é da bancada evangélica, fez duras críticas à lei, sob alegação de que seria apologia ao uso recreativo da maconha, na última quarta-feira (24).
Dado o posicionamento das vereadoras a respeito do assunto, a Liga Canábica, o Projeto de Pesquisa e Extensão em Cannabis Medicinal da UFPB (Pexcannabis), o Instituto Revertendo o Autismo (IRA) e a Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis (SBEC) divulgaram uma nota repudiando as declarações.
Nesta terça-feira, após conversa com a Liga Canábica, a Raíssa Lacerda confessou que, na discussão da última quarta-feira (25), não tinha compreendido direito. “Entendi como uma apologia à cannabis, à planta da maconha. Mas, depois de estudar a lei do vereador Tibério Limeira e de conversar com familiares, ficou muito claro que não é apologia, é uso terapêutico e medicinal. Sempre fui a favor do uso terapêutico. Conversei com todos da Liga, mostrei que sou favorável do uso para tantas crianças e pessoas que precisam”, explicou.
Já Eliza Virgínia não voltou atrás e declarou seu medo em instituir um dia voltado para o uso da cannabis, mesmo que seja medicinal. “Pessoas mal avisadas, que têm um filho autista ou epilético, podem começar a usar por conta própria ou através de informações superficiais, e isso pode causar problemas e sérios riscos à saúde. Do jeito que a cannabis usada para fins medicinais pode salvar uma vida, ela usada de uma forma errada ou para fins recreativos pode arruinar uma vida”, enfatizou.
“Não sou contra o uso. Se tivesse um filho ou alguém da família que precisasse, seria a favor da utilização medicinal. Mas, a gente não pode promover um dia específico para droga nenhuma, porque pode provocar o mau uso dessa droga. Esse o meu receio”, concluiu Eliza Virgínia.
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Liga Canábica
O presidente da Liga Canábica, Júlio Américo, destacou que esse espaço é uma oportunidade de diálogo e de desenvolvimento de políticas públicas. “O diálogo traz informação, e a informação vai diminuindo o preconceito e gerando abertura. Nós da Liga Canábica temos propostas e sugestões de políticas públicas, caminhos a discutir com a Administração do Município. Queremos qualidade de vida para as pessoas com câncer, Alzheimer, esclerose múltipla, epilepsia, autismo. São diversas doenças tratadas com o uso medicinal da cannabis. Precisamos fazer com que esse debate avance, supere o preconceito e desemboque em políticas públicas efetivas, principalmente, visando àqueles pacientes que são mais vulneráveis socioeconomicamente, que estão nas periferias e à margem desse processo, sem acesso. Precisamos dar acesso a todos”, enfatizou.
Júlio Américo destacou a importância dos parlamentares levarem a discussão para dentro de seus partidos, a fim de expandir o diálogo a nível nacional e fazer com que essa discussão chegue a destravar pautas no Congresso Nacional sobre a descriminalização do cultivo da cannabis para fins medicinais e de pesquisa.
Ele lembrou ainda que o assunto já foi tema de sessão especial na CMJP, em 2017. “Trouxemos esse tema de volta, pretendemos que essa discussão avance. A intenção é que a Câmara construa políticas públicas junto com a sociedade, porque não se constrói politicas públicas sem ouvir quem está na ponta, sem ouvir a população a quem elas são dirigidas”, salientou.
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O vereador Tibério Limeira ressaltou a necessidade do debate romper com o preconceito por meio da disseminação de informações. “É importante desconstruir o preconceito diariamente, a informação liberta as pessoas. A questão do uso medicinal da cannabis é algo fundamental para promover a saúde. Tem muita gente se beneficiando do extrato da cannabis para curar patologias que até então eram incuráveis, e também para promover qualidade de vida para quem está em uma situação extremamente degradante. A cannabis tem atuado para isso”, declarou o parlamentar.
Tibério ainda destacou a importância do Estado, em todas as suas esferas, para a regulamentação e o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o uso tradicional, medicinal e associativo da cannabis.
Audiência Pública
Durante a reunião ficou acordada a realização de uma audiência pública, prevista para acontecer dia 24 de maio. “Vamos trazer ao plenário casos e exemplos de como a cannabis tem mudado a vida das pessoas. Vamos tentar avançar na libertação das pessoas através da informação”, afirmou Tibério Limeira.
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