POLÍTICA
Lígia diz que Paraíba não apoia Reforma da Previdência 'do jeito que está'
BPC, aposentadoria rural e manutenção da previdência na Constituição são 'inegociáveis', diz.
Publicado em 11/06/2019 às 15:06 | Atualizado em 11/06/2019 às 17:11
A vice-governadora da Paraíba, Lígia Feliciano (PDT), disse que inserção no texto da Reforma da Previdência para manter direitos como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria rural, bem como a não retirada da previdência da Constituição Federal, do são pontos inegociáveis para os governadores do Nordeste. Ela esteve em Brasília nesta terça-feira (11) no V Fórum de Governadores. Lígia representou governador João Azevêdo, que está em São Paulo apresentando o projeto do Polo Turístico Cabo Branco a empresários interessados em investir no complexo.
Em mais um encontro, os chefes de governo estaduais buscam encontrar um consenso mínimo visando a uma proposta de reforma previdenciária em melhores condições de ser aprovada pelo Legislativo. Lígia Feliciano afirmou, através de sua conta no Instagram, que os governadores do Nordeste não vão aceitar a proposta do jeito que está.
"Queremos a manutenção do BPC, Benefício de Prestação Continuada, a aposentadoria rural e a não retirada da previdência da Constituição. Todos os pontos que prejudiquem os brasileiros não terão o nosso apoio. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, garantiu que vai analisar e discutir as propostas com os líderes", completou a vice-governadora, ao final do encontro.
Além de Rodrigo Maia, também participam do encontro o presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, Marcelo Ramos, e o relator do projeto, Samuel Moreira.
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Carta
O encontro ocorre após a divulgação antecipada de uma carta pública, no dia 6, que desagradou a alguns governadores da Região Nordeste – o que resultou na divulgação de outra carta, no mesmo dia, assinada por todos os governadores nordestinos.
A primeira carta, assinada por sete dos nove governadores da região, ressaltava a importância de os estados serem garantidos no texto por causa do déficit nos regimes de aposentadoria e pensão de seus servidores. Já a segunda carta acrescentava pontos específico, que querem ver retirados da proposta inicial, como as mudanças no Benefício de Prestação Continua (BPC) e nas aposentadorias rurais. Eles questionaram também a desconstitucionalização da Previdência e o sistema de capitalização, no qual se baseia o regime futuro de Previdência.
Pauta
A pauta, previamente distribuída, do encontro em Brasília é extensa: prevê discussões em torno de temas que afetam diretamente o caixa dos governadores. Entre os temas estão o chamado de Plano Mansueto - pacote de ajuda aos estados em dificuldades financeiras - a Lei Kandir, Cessão Onerosa/ Bônus de Assinatura além da PEC 51/19, que trata da ampliação do Fundo de Participação dos Estados (FPE) no Orçamento da União e do Novo Marco Legal do Saneamento Básico.
Embora o déficit previdenciário dos estados ultrapasse os R$ 90 bilhões por ano, líderes da Câmara resistem em aprovar regras mais duras para aposentadorias de servidores estaduais e municipais. No Congresso, a avaliação dos que resistem à ideia é de que governadores e prefeitos não podem transferir para deputados e senadores o desgaste político de medidas impopulares nos órgãos legislativos.
Pauta municipalista
Os municípios também querem garantir que serão mantidos no texto da reforma da Previdência. Na semana passada, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, levou ao presidente e ao relator da comissão especial da reforma, respectivamente Marcelo Ramos (PL-AM) e Samuel Moreira (PSDB-SP), um documento assinado pelos presidentes das entidades estaduais que destaca a importância de estabelecer um modelo previdenciário sustentável para a atual e as futuras gerações.
O documento estima uma redução de despesas de R$ 41 bilhões em quatro anos e R$ 170 bilhões em dez anos com aposentadorias e pensões para os 2.108 municípios com Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
Levantamento feito pela entidade mostra que a redução de custos possível, caso haja a reforma, poderá motivar os demais municípios a adotarem o RPPS. Se os municípios criarem um regime próprio, a CNM estima redução média nas taxas de contribuição de 55% – referentes à alíquota patronal para o RGPS e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Mesmo para os que se mantiverem no Regime Geral de Previdência Social, a PEC traz ganhos, ao obrigar a desvinculação do servidor aposentado de suas funções na prefeitura.
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