POLÍTICA
Morre Agassiz Almeida, um dos primeiros perseguidos pela Ditadura na Paraíba em 1964
Ele foi cassado e preso em 1964, e foi deputado federal constituinte na reabertura política.
Publicado em 22/04/2024 às 7:58
Morreu na noite desse domingo (21) o ex-deputado estadual e o ex-deputado federal constituinte Agassiz Almeida. Ele tinha 88 anos, era natural de Campina Grande, mas nos últimos anos vinha morando em João Pessoa.
A morte do político que teve uma postura contudente de oposição à Ditadura Militar foi confirmada pelo seu filho, o professor universitário Agassiz Almeida Filho, que destacou que o pai morreu de forma serena, em casa. "Agassiz partiu com serenidade, em casa, após uma vida inteira dedicada à causa democrática e ao Brasil", escreveu.
O velório acontece nesta segunda-feira (22), entre 8h e 15h, no salão nobre da Assembleia Legislativa da Paraíba. O sepultamento está marcado para 16h, no cemitério Parque das Acácias.
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De deputado cassado a deputado constituinte
Agassiz de Amorim e Almeida nasceu em 25 de setembro de 1935 no município de Campina Grande e desde cedo, ainda muito jovem, se alinhou a pautas de esquerda. Formado em Direito, foi um dos fundadores e um dos advogados das Ligas Camponesas na Paraíba e era professor da Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande da Universidade Federal da Paraíba.
No início da década de 1960, foi eleito suplente de deputado estadual e chegou a assumir o mandato por vários meses. Na vida parlamentar, defendia temas como a reforma agrária.
"Era o idealismo de uma geração que acreditava numa mudança verdadeira”, relembrou Agassiz em 2023, numa de suas últimas entrevistas em vida, ao lembrar os 35 anos da Constituição de 1988.
Com o Golpe Militar de 1964, contudo, ele foi perseguido. Filiado ao PSB, ele e mais três colegas de legenda (Assis Lemos, Langstein de Almeida e Figueiredo Agra) foram cassados em 7 de abril de 1964, apenas seis dias depois da troca de poder por meio da força. Estaria assim entre os primeiros perseguidos pelos militares na Paraíba.
A perseguição não ficou por aí. Em 11 de abril daquele ano ele e mais oito professores da UFPB foram afastados de suas funções sob a acusação de "subversivo" e em 8 de maio de 1964 teve sua demissão sumária confirmada pelo Conselho Universitário da UFPB.
Em ambos os casos, não teve direito a apresentar defesa, porque foi preso e enviado para o arquipélago de Fernando de Noronha, à época utilizado como presídio político.
Já no período da reabertura política, participou das mobilizações das Diretas Já em João Pessoa e em Campina Grande. E em 15 de novembro de 1986 foi eleito deputado federal pela Paraíba, se tornando assim deputado constituinte que participaria do processo de criação e promulgação da Constituição Federal de 1988.
A Assembleia Nacional Constituinte foi instalada oficialmente em 1º de fevereiro de 1987 e era composta por 512 deputados federais e 81 senadores. Agassiz Almeida era um deles. Foram 21 meses de trabalho. Ela foi votada e aprovada em 22 de setembro de 1988 e promulgada em 5 de outubro de 1988.
Nos últimos anos, Agassiz Almeida vivia mais recluso, fora da vida pública, e estava concentrado nos meses anteriores à sua morte ao processo de escrever as suas memórias.
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