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POLÍTICA

Na PB, até autoridades eram monitoradas pelo Regime Militar. Veja documentos

Documentos do Sistema Nacional de Informação (SNI) foram fornecidos com exclusividade ao JORNAL DA PARAÍBA pelo projeto Resgate da História.  

Publicado em 16/08/2015 às 16:00

Em 1978, Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque (1932 – 2011) era reitor da Universidade Federal da Paraíba e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Àquela altura, aos 46 anos, o engenheiro civil e professor já era responsável por grandes conquistas no Estado, como a fundação da Escola Politécnica da Paraíba. Havia atuado como membro do Conselho Deliberativo da Sudene, representante do MEC e diretor de Obras Municipais de Campina Grande-PB. Um homem acima de qualquer suspeita, mas não para o Regime Militar.

Lynaldo Cavalcanti era apenas uma das dezenas de autoridades monitoradas na Paraíba pelo Regime Militar, como comprovam documentos do Sistema Nacional de Informação (SNI), fornecidos ao JORNAL DA PARAÍBA com exclusividade pela coordenação do projeto Resgate na História. Tais documentos mostram que qualquer movimento que gerasse desconfiança entre os militares era motivo de diligências, que terminavam em relatórios, prontuários ou informes sobre os mais diversos assuntos.

Em meio aos registros sobre o ex-reitor, informantes relatam que Lynaldo Cavalcanti concordou com a proposta de extinção das Assessorias de Segurança e Informações das universidades brasileiras, sugerida durante um seminário sobre o Sistema Universitário e a Sociedade Brasileira, presidido por ele. Essas assessorias alimentavam o SNI sobre qualquer atividade suspeita relacionadas à universidade. Um exemplo disso é o documento da Assessoria de Segurança e Informações da UFPB de abril de 1979, que relata a recusa do prefeito Damásio Franca em ajudar financeiramente o DCE/UFPB.

De acordo com o documento, o prefeito de João Pessoa voltou atrás da promessa de ajudar o DCE com Cr$ 20 mil cruzeiros para viabilizar a participação no Congresso de restauração da UNE. “Os estudantes ficaram decepcionados e revoltados com a inesperada atitude do prefeito a quem haviam aplaudido por ocasião da Calourada-79”, afirma o documento da Assessoria de Segurança e Informações da UFPB.

ACERVO
O acervo do projeto Resgate na Memória é formado por mais de 300 mil documentos, onde cerca de 8 mil são do “SNI – Agência Recife”, responsável pelos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte.

Arquivos mostram como paraibanos eram monitorados

Veja aqui os documentos

DAMÁSIO FRANCA. Neste documento, a Agência Recife responde a uma solicitação de Brasília sobre a relação entre o prefeito de João Pessoa e o DCE. De acordo com o relato dos informantes, Damásio Franca prometeu ajuda de Cr$ 20 mil cruzeiros para que a delegação do DCE comparecesse ao Congresso de Restauração da UNE. “Posteriormente, procurado por uma comissão do DCE, o prefeito declarou não ter condições de cumprir o prometido, uma vez que toda a verba destinada a assistência ao educando já fora gasta pela administração anterior”, completa o informante. O mesmo documento apresenta um breve perfil do jornalista Jório Machado, proprietário do jornal O Momento. “Comunista. Continua a detratar e a menosprezar os militares”, diz o documento. “A respeito da ajuda de Jório Lira Machado ao prefeito de João Pessoa, Damásio Franca, na sublevação da classe estudantil, esta Agência continua em processamento”, completa.

Assis Lemos. Lideranças das Ligas Camponesas no Estado tinham “direito” a prontuários completos do SNI, com o registro de cada passo dado. Do ex-deputado Assis Lemos, dez páginas destrincham as atividades políticas do agrônomo, com informações de vários órgãos do período de 1966 a 1981, como o Diário Oficial da União, Secretaria de Segurança Pública do Estado, a 7ª Circunscrição Judiciária Militar e o próprio SNI. Para o Regime, Assis Lemos foi “o maior responsável pelas agitações no interior da Paraíba, especialmente em Sapé e Mari”. O documento ressalta a relação do ex-deputado estadual com João Goulart, de quem seria “amigo particular”. O histórico também aponta atividades pré-Golpe Militar. "Compareceu a uma reunião na SUPRA, antes de 31 de março de 64, cujo tema principal era a pregação revolucionária de caráter comunista e maneira de agir na hora propícia".

Lynaldo cavalcanti. O reitor da UFPB era visto pelos militares como alguém de posição democrática, “em que pese algumas de suas atitudes serem entendidas por setores mais radicais como muito liberal”, diz o documento, que ressalta a eficiência profissional e funcional do acadêmico: “Dotado de extraordinária capacidade de trabalho, elevado espírito público e grau de dedicação aos problemas afetos à sua função, sendo reconhecidos os seus méritos em projetar a UFPB como uma das mais modelares instituições do ensino superior do país, o que vem conseguindo fazer com êxito”. Os arapongas do Regime também informam as ligações políticas do ex-reitor: “Pertence ao grupo do ex-governador João Agripino Filho, considerado o líder dos dissidentes arenistas da Paraíba.

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Jornal da Paraíba

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