POLÍTICA
'Não nos preocupa', diz prefeito eleito de Cabedelo sobre Operação Xeque-Mate
Vitor Hugo chegou a ser citado na 1ª fase da operação, mas não foi denunciado.
Publicado em 18/03/2019 às 11:21 | Atualizado em 24/04/2019 às 10:07
A eleição de Vitor Hugo (PRB) como prefeito de Cabedelo neste domingo (17) pode ser considerada mais um capítulo da 'novela' política que se instalou na cidade da Grande João Pessoa após a deflagração da Operação Xeque-Mate, em abril de 2018. Mas ela não representa um desfecho ainda. A Polícia Federal continua investigando o esquema de corrupção instalado na administração municipal e pode inclusive fazer novos indiciamentos nos próximos dias.
Citado na 1ª fase da investigação, Vitor disse que não tem com o quê se preocupar em relação à 'Xeque-Mate'. “Não nos preocupa , temos certeza que não cometemos nenhum ato ilícito em pouco mais de um ano de mandato como vereador”, disse Vitor Hugo ao Jornal da Paraíba nesta segunda-feira (18).
O prefeito ressaltou inclusive que desde que assumiu tem atuado no combate à corrupção em Cabedelo, tendo desmontando parte do 'esquema' de Leto. “Exoneramos mais de 400 funcionários fantasmas. Além de exonerar, extinguimos mais de 250 cagos, cargos de R$ 10 mil, que eram usados para lavar dinheiro. A gente conseguiu enxergar mais de R$ 3 milhões mensais sendo desviafos do município de Cabedelo”, declarou Hugo.
“Um dos fatores que fizeram com que a população acreditasse na gestão foi nosso combate à corrupção”, pontuou o prefeito eleito.
Operação vai fazer um ano
Iniciada em 3 de abril do ano passado, a Operação Xeque-Mate prendeu o então prefeito Leto Viana (PRP); o presidente da Câmara, Lúcio José (PRP); a vice-presidente da Câmara, Jacqueline França (PRP), e outros três vereadores. Da Câmara ainda foram afastados outros cinco vereadores. O grupo criminoso, segundo a investigação da PF e do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba (MPPB), se instalou a partir da compra do mandato do prefeito eleito em 2012, José Maria de Lucena Filho, o Luceninha.
A partir da entrada de Leto na prefeitura, os integrantes do grupo teriam passado a praticar uma série de crimes,como desvio de recursos públicos através da indicação de servidores ‘fantasmas’; corrupção ativa e passiva; fraudes a licitações; lavagem de dinheiro; avaliações fraudulentas de imóveis públicos e recebimento de propina para aprovação ou rejeição de projetos legislativos. Na 1ª fase da operação, 26 pessoas foram denunciadas ao Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB).
O nome de Vitor Hugo não está entre os denunciados. No entanto, o agora prefeito eleito chegou a ser citado na denúncia. De acordo com a investigação, ele se tornou prefeito interino de Cabedelo, em uma eleição na Câmara, após uma articulação montada por Leto Viana, mesmo preso. Vitor sempre negou essa relação. O prefeito também aparece em imagens recebendo um envelope com dinheiro das mãos de uma funcionária da prefeitura . Quando a gravação foi divulgada pelo 'Fantástico', da Rede Globo, ele negou qualquer ilegalidade e disse que o dinheiro se tratava do salário como vereador.
Pendência jurídica
Apesar do êxito nas urnas, a chapa de Vitor ainda tem uma pendência jurídica. O vereador e candidato à prefeitura Eudes Souza (PTB) contestou a legalidade do registro do candidato a vice-prefeito Aguinaldo Silva (PSB). O juiz da 57ª Zona Eleitoral, Salvador de Oliveira Vasconcelos, autorizou o registro. Mas Eudes recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), que mandou o processo de volta para a instância local.
“O que ocorreu foi um erro formal dentro do processo. A Justiça deveria antes de deferir sua decisão, deveria ter escutado as partes, tanto a gente, como a parte que entrou na Justiça, o vereador Eudes, e depois ter dado a decisão. Ele [o juiz] deu a decisão sem escutar. Eudes recorreu no TRE, que solicitou que o processo voltasse para a 1ª instância para que as partes sejam ouvidas. Não acredito que ele vai se colocar contra a própria decisão”, disse Vitor Hugo.
Após a votação, abre-se os prazos para os candidatos apresentaram as prestações de contas. Eles têm até o dia 16 de abril para fazerem isso e a Justiça Eleitoral tem até 25 de maio para julgar. A diplomação dos eleitos deve acontecer até o dia 25 do mesmo mês. Depois, a Câmara Municipal marcará a posse.
Pensando em trabalho
Vitor Hugo foi eleito neste domingo com 73% dos votos. Ele disse que agora o foco é total no trabalho, para recuperar o tempo perdido. Segundo o prefeito, as áreas prioritárias vão ser infraestrutura e saúde. No segundo ponto, ele destacou a reforma do anexo do Hospital e Maternidade Pedro Alfredo Barbosa, que vai passar a contar com Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O prefeito disse deve fazer pequenas mudanças devem ser feitas na equipe de auxiliares. “Devemos fazer algumas mudanças pontuais, mas nada de alarmante. Não se mexe naquilo que está ganhando”, ressaltou sem adiantar onde essas trocas devem ocorrer.
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