POLÍTICA
Nonato diz que Ricardo tornou-se conservador
Vice-prefeito de João Pessoa fala de sua metas para fortalecer o PPS.
Publicado em 18/11/2013 às 6:35 | Atualizado em 27/04/2023 às 13:21
O vice-prefeito de João Pessoa, Nonato Bandeira, ganhou a disputa pelo diretório estadual do PPS derrotando o grupo ligado ao governador Ricardo Coutinho. Passada a eleição, ele disse que sua principal missão é reestruturar o partido. “Nós vamos dar vida orgânica ao partido, que estava passando por um processo de desmobilização muito grande”. Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, ele falou das estratégias das oposições para vencer as eleições de 2014 e disse que Ricardo Coutinho se tornou um político conservador.
JORNAL DA PARAÍBA - Como novo presidente estadual do PPS, quais são as metas e ações para fortalecer o partido?
NONATO - Nós vamos reestruturar o partido na Paraíba. O que significa isso? Vamos dar vida orgânica ao partido, que estava passando por um processo de desmobilização e de esvaziamento muito grande. Vamos fazer uma campanha de filiação, um recadastramento, tem muita gente com dupla filiação e até gente que já morreu e não foi tirado da lista. Vamos ampliar o número de diretórios no Estado, hoje só temos constituídos 27 diretórios, além de comissões provisórias, vamos tentar estar presentes na maioria dos municípios, a médio prazo, organizar curso de formação política, tentar ter uma sede própria em João Pessoa e fazer reunião para definir pré-candidatos a deputado, formatar essa chapa e aí, sim, depois de estruturado, vamos partir para as discussões em 2014 do cenário estadual.
JP - Como o senhor vê o fato da deputada Gilma Germano questionar a legitimidade da sua eleição? Ela disse que o senhor foi eleito presidente sem quórum.
NONATO - Eu acho lamentável a postura antidemocrática do grupo governista, que recebia ordens emanadas do Palácio da Redenção, porque eles tiveram todas as chances de disputa, de se candidatar e fugiram. Preferiram recorrer à Justiça. Já perderam quatro vezes na Justiça, tentando recorrer, tentando inviabilizar os congressos de João Pessoa e do Estado.
JP - Diante desse cenário o senhor acha que é possível unir o partido para as eleições do próximo ano?
NONATO - Eu tenho plena convicção que sim. Nós vamos fazer a mesma coisa que fizemos em João Pessoa, onde tínhamos proposta de candidatura própria. Eu mesmo, naquela época, defendia essa postulação. Tinha companheiros que defendiam o apoio ao candidato José Maranhão, o apoio ao candidato Cícero Lucena, o apoio à candidata Estelizabel e os que defendiam uma coligação com o PT, tanto na proporcional como na majoritária. Prevaleceu a ampla maioria dos filiados, inclusive com a influência grande dos candidatos a vereador, para a aliança com o PT. E o resultado foi, além da vitória, que nós elegemos três vereadores, temos o vice-prefeito e avançamos muito no protagonismo no Estado, a partir das eleições em João Pessoa.
JP - O vereador Marco Antônio defende que o PPS deva sair com candidatura própria em 2014. É o seu entendimento? E qual a estratégia do PPS para as eleições de 2014?
NONATO - Esse é um entendimento que eu respeito. Tem outros companheiros no interior que também têm esse entendimento, como tem companheiros que defendem uma suposta candidatura do senador Cássio Cunha Lima, como tem companheiros que defendem a reeleição do governador Ricardo Coutinho, que defendem o apoio à candidatura de Veneziano e tem ainda os companheiros que defendem que a gente integre esse blocão juntamente com o PEN e talvez com o PTB. Só para você ver que existem várias tendências dentro do partido e eu como presidente não posso me comportar como se comportou a ex-presidente (Gilma Germano). Foi por isso que ela perdeu apoios na direção estadual, porque ela já tinha definido o apoio à reeleição do governador Ricardo Coutinho sem combinar com o restante do partido. Uma atitude muito antidemocrática. Sem combinar com a própria direção nacional, que não tem hoje uma definição quanto às candidaturas nacionais, com quem nós marcharemos ou se marcharemos com candidatura própria. Nós vamos ouvir todas as teses e no momento certo opinar, através dos fóruns adequados.
JP - Qualquer que seja a decisão, os filiados terão que seguir?
NONATO - Eu sou o primeiro a dar o exemplo. É como eu disse anteriormente. Eu defendia que a gente tivesse candidatura própria em 2012 e meu nome estava colocado, mas eu fui convencido pelo conjunto dos vereadores de que a gente poderia fazer um papel bonito em termos de debate eleitoral, das teses do partido, mas em termos de resultados a gente estava enfrentando a máquina estadual, dois ex-governadores e no caso um partido estruturado da presidente da República, como era o PT. Então, a aliança naquele momento era muito melhor e eu fui convencido dessa tese, que era uma tese dos companheiros vereadores, encabeçada por Marco Antônio, Bruno Farias e Djanilson e acabou dando certo. Tive que me render que eles estavam certos naquele momento. A mesma coisa agora, vamos ter a nossa posição, vamos tentar convencer, mas a decisão do partido eu serei o primeiro a cumprir.
JP - Há ainda aquela tese defendida pelo PPS para 2014 com uma chapa com o nome de Luciano Agra para vice?
NONATO - Eu acho que o companheiro Luciano Agra é um grande nome para o Senado. Mas é uma decisão que depende do partido dele, comandado pelo presidente Ricardo Marcelo. Eu não posso entrar nas questões do PEN. Mas quero estar próximo da candidatura de Luciano Agra. Eles vão definir, mas eu acho que nós devemos estar coligados com ele sim.
JP - E a candidatura de Cássio ao governo?
NONATO - Eu acho uma possibilidade muito real, eu entendo que ele é elegível. Eu não sou jurista, mas o meu raciocínio é o senso comum, que eu ouço nas ruas, que diz o seguinte: se o cidadão pode registrar sua candidatura, se ele pode ser eleito, se foi empossado e exerce o mandato, é evidente que ele pode ser candidato ou então os direitos políticos dele estariam suspensos. Acho que ele é elegível e é uma candidatura muito forte, que tem apelo popular muito grande e apoios em quase todos os partidos na Paraíba.
JP - Como o senhor vê a possibilidade de uma aliança do PPS com Veneziano?
NONATO - Eu não descarto uma candidatura de oposição. Dependeria do entendimento dos filiados a partir de um projeto, porque hoje estão personificando muito o debate. Ninguém colocou um projeto de desenvolvimento para o Estado. Você está vendo alguns seminários, que eu acho louvável, do PMDB e de outros partidos, mas eu acho que estão personificando muito. Primeiro, nós deveríamos fazer um projeto e ver quem seriam os atores desse projeto e a partir daí começar a fechar os apoios. Eu acho que ele (Veneziano) é um candidato que tem o seu peso, é o candidato do partido mais estruturado em termos de deputado estadual, federal, prefeitos, vereadores do Estado. É para ser levado muito em consideração, mas a definição do partido só se vai dar em 2014, consultando o conjunto dos filiados. Qualquer inclinação minha seria bastante precipitado nesse momento.
JP - Qual é a sua avaliação em relação à candidatura do governador Ricardo Coutinho?
NONATO - Eu acho que qualquer candidatura de governo já é forte, principalmente em um Estado sem grandes recursos como a Paraíba, onde se depende muito do poder público. Não se pode subestimar qualquer candidatura governamental e principalmente uma figura meteórica na política, que sempre foi ascendente, como foi Ricardo Coutinho. O grande problema de Ricardo foi que ele perdeu nos grandes centros urbanos em 2012, como João Pessoa, Santa Rita, Patos, Sousa. Em Campina Grande, ele não pode nem ir lá, nem indicou o vice que ele queria indicar. Ricardo deu uma guinada total e passou a privilegiar o projeto de reeleição, abandonando qualquer projeto de desenvolvimento integrado. Você vê que hoje não se tem uma grande obra iniciada, pensada e concluída pela atual gestão. Em João Pessoa mesmo você vê que ainda está se dando ordem de serviço, quando faltam sete meses apenas para se poder inaugurar obras. Ordem de serviço você dá no início da gestão, como a gente está fazendo em João Pessoa com diversas ordens de serviços, com diversas licitações. Ricardo já está fechando o terceiro ano de governo e está correndo desesperado para dar ordem de serviço, porque teve o planejamento de gestão interrompido com o processo eleitoral. Afora isso, ele criou vários atritos desnecessários com setores fundamentais para o desenvolvimento, para a economia, para a vida social, política e administrativa do Estado. Não só os servidores e suas diversas categorias, mas os poderes constituídos e grande parte da mídia. Então, ele foi colecionando atritos, que lhe empurrou para se tornar um político um tanto conservador. Um político de uma trajetória de esquerda hoje é refém de setores mais à direita no Estado. Ricardo se tornou um político conservador porque hoje ele se isolou dos setores mais progressistas, dos partidos mais progressistas e ele está refém de forças que têm contribuído muito mais com o atraso na política no Estado, sem pensar numa Paraíba produtiva, inclusiva, que desse um grito de liberdade. Eu vejo realmente que o governo perdeu e continua perdendo muito tempo em atritos desnecessários, em brigas desconexas com pessoas que não se coadunam com o mesmo pensamento político do governador.
JP - Qual o espaço que você está tendo como vice-prefeito de João Pessoa?
NONATO - O prefeito Luciano Cartaxo é quem comanda a gestão e eu fui eleito para auxiliá-lo, para ajudá-lo. O vice-prefeito tem que reconhecer o seu papel, não pode querer ocupar espaços que não lhe são de direito. Sempre que sou demandado eu tenho dado ideia, sugestões administrativas e políticas. Temos uma participação ativa no programa de inclusão e cidadania para pessoas com deficiência. Estamos conseguindo avançar nessas políticas.
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