POLÍTICA
O silêncio dos (nada) inocentes deputados paraibanos
Representantes do povo, alguns deputados pouco se posicionam nas votações, não participam de debates e quase nunca utilizam tribuna.
Publicado em 10/01/2016 às 12:00
Eleitos representantes do povo na Assembleia Legislativa, alguns deputados pouco se posicionam nas votações, não participam de debates e quase nunca utilizam a tribuna. Enquanto os mais falantes disputam o espaço para fazer discursos inflamados, os mais tímidos preferem passar despercebidos.
O deputado Zé Paulo (PC do B) não utilizou a tribuna mais que três vezes durante os 11 meses deste ano. Na primeira vez em que discursou, o parlamentar falou por pouco menos de dois minutos, para pedir que fosse solucionada a constante falta de energia em uma região próxima ao município de Cruz do Espírito Santo. Quando decidiu utilizar a tribuna mais uma vez, o discurso foi quase eleitoral.
Após vários meses de total silêncio no parlamento, o deputado subiu à tribuna para fazer críticas ao atual prefeito de Santa Rita, Netinho de Várzea Nova (PR), e pedir uma intervenção no município. Zé Paulo já anunciou intenção em disputar a prefeitura de Santa Rita nas eleições do próximo ano.
Doda de Tião (PTB) é outro parlamentar que prefere o silêncio. Apesar de não haver registro de que o parlamentar utilizou a tribuna na atual legislatura, a divisão de Assistência ao Plenário assegura que o deputado já discursou na Casa. Em seu segundo mandato, o parlamentar, que é do município de Queimadas, subiu à tribuna apenas em 2012, para cobrar justiça para o estupro coletivo que ocorreu na cidade. O silêncio de Doda de Tião lhe rendeu o apelido de “deputado mudo”, anunciado publicamente por Manoel Ludgério (PSD), seu adversário no município.
Licenciado das atividades parlamentares, Genival Matias (PT do B) também não é dos deputados mais assíduos na tribuna. Muito mais dos bastidores e articulações políticas, o parlamentar também evita a tribuna da Assembleia. Ele se licenciou no mês de outubro, porém, no período em que esteve na Casa, poucas foram as vezes em que a voz de Matias ecoou no parlamento.
Apesar da boa desenvoltura para responder aos questionamentos que lhe são feitos, Arnaldo Monteiro (PSC) não utiliza a tribuna da Assembleia para defender projetos, apresentar sugestões ou fazer críticas ao governo do Estado, a quem faz oposição. Durante as sessões ordinárias de que participa, normalmente o parlamentar ocupa seu assento e evita se pronunciar. O mesmo procedimento foi adotado por Galego Souza (PP), que pouco tem aproveitado a tribuna da Casa.
O regimento interno da Assembleia estabelece prioridade no uso da tribuna para aqueles parlamentares que fiquem um determinado número de sessões sem discursar em plenário. No pequeno expediente, cada parlamentar inscrito dispõe de cinco minutos para uso da fala, enquanto no grande expediente são 15 minutos para cada inscrito discursar.
O uso da tribuna obedece à sequência de uma lista, disponibilizada a partir das 7h30, para que os deputados que pretendem utilizar a tribuna assinem. De posse de dois discursos, Frei Anastácio chega à Assembleia pontualmente às 7h, para garantir o uso da tribuna no pequeno e no grande expediente nos dias em que ocorrem as sessões ordinárias. Os deputados que preferem não madrugar na Assembleia, normalmente enviam assessores para assinar a lista e garantir pronunciamento na tribuna.
A disputa maior é para falar no pequeno expediente, que ocorre antes da abertura da ordem do dia, quando são votadas as matérias constantes na pauta. Em várias ocasiões, o início da ordem do dia precisou ser adiado para acomodar todos os deputados inscritos na tribuna. Os parlamentares dispõem de 5 minutos para utilizar os microfones do plenário e na maioria da vezes, aproveitam o espaço para fazer denúncias contra o governo do Estado, apresentar projetos e até mesmo elogiar figuras públicas.
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