Operação do MP investiga desvio de R$ 1 milhão em Gado Bravo

No início da manhã desta quinta-feira (12), o Ministério Público da Paraíba (MPPB) deflagrou uma operação para apurar o desvio de recursos públicos na prefeitura da cidade de Gado Bravo, no Agreste da Paraíba. Segundo as investigações, um esquema criminoso comandado pelo secretário de Finanças do município, Warison Araújo, que é filho do prefeito Austerliano Araújo (PMDB), tem fraudado licitações para desviar verbas. Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos seja superior a R$ 1 milhão.

A operação denominada 'Salinas' tem o objetivo de buscar e apreender elementos de provas na sede do Poder Executivo de Gado Bravo e nas residências de familiares do prefeito, situadas nos sítios Salinas e Pedras, além de alvos residentes nas cidades de Aroeiras e Campina Grande. O comando da ação é da Promotoria de Justiça Cumulativa de Aroeiras e do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), e executada com o apoio do Batalhão de Operações Especiais da Policia Militar (Bope) e equipes do Resgate do Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba.

O objetivo é cumprir sete mandados de buscas, três mandados de prisões temporárias e três mandados de conduções coercitivas. Participam das diligências nove promotores de Justiça e mais de 50 policiais.

As investigações foram desencadeadas no inicio deste ano, quando a Promotoria de Justiça de Aroeiras colheu fortes indícios de que uma organização criminosa, sob o comando do secretário Warison Araújo havia se estruturado na prefeitura com o objetivo de desviar recursos públicos. Segundo o MPPB, o grupo fraudava processos licitatórios, falsificava documentos públicos e particulares.

A fraude consistia na utilização indevida de dados de diversas pessoas físicas . Elas figuravam em empenhos como credores de valores despendidos pelo município de Gado Bravo, mas relativos a serviços que jamais foram executados, bem como a confecção de empenhos e pagamentos em valores superiores aos serviços realizados, com nítido desvio de recursos públicos. A fraude beneficiava ilicitamente familiares do prefeito.

O esquema criminoso foi percebido a partir do cruzamento de informações, junto ao Sistema de Acompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade (Sagres), mantido pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), dos empenhos realizados por inúmeras secretarias. Apenas na Secretaria das Finanças foi contabilizado um desvio de pelo menos R$ 357,8 mil. Um exemplo do beneficiamento irregular, segundo o MP, é o pagamento de R$ 160 mil ao vaqueiro da família do prefeito.

O prejuízo total aos cofres públicos ainda está¡ sendo levantado. Contudo, estima-se que o esquema criminoso pode ter desviado acima de R$ 1 milhão.

A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato com o prefeito de Gado Bravo, mas Austerliano Araújo não atendeu as ligações. Também foi feita uma tentativa pelos números de telefone disponíveis no site da prefeitura só que as chamadas não foram completadas.

A operação foi batizada de ‘Salinas’ porque o esquema criminoso era administrado a partir do Sítio Salinas, no município de Gado Bravo, onde residiam os principais investigados, o irmão e filhos do prefeito. O balanço parcial da operação será divulgado em entrevista coletiva na sede do Ministério Público em Campina Grande.