POLÍTICA
Opinião: Lula culpa Estados por alta dos combustíveis mas impostos seguem intocados
A atuação do presidente e a postura da maioria dos governadores aliados são contraditórias e refletem a convicção de quem subestima o contribuinte
Publicado em 18/02/2025 às 12:49 | Atualizado em 18/02/2025 às 15:14

Ainda digerindo os efeitos da reprovação recorde apontada pelo Datafolha, o presidente Lula (PT) busca se desvincular da inflação que assola os brasileiros. Para a alta dos preços de combustíveis, ele já encontrou um culpado: os governadores.
Em mais um rompante retórico, o presidente eximiu a Petrobras da responsabilidade pelos aumentos nas bombas e criticou o ICMS dos Estados ao dizer que a população deveria saber a quem "xingar" na hora de abastecer. Na prática, "esqueceu" o último reajuste sobre o Diesel, anunciado pela companhia no início do mês.
A declaração veio poucos dias depois de governadores, incluindo o da Paraíba, João Azevêdo (PSB), se isentarem da culpa e transferirem a responsabilidade para o Confaz – como se este fosse uma entidade autônoma e livre de influências políticas.
Ocorre que nem Lula nem os governadores tiveram a coragem ou a vontade de propor a redução de impostos sobre os combustíveis para aliviar o peso sobre o consumidor. A atuação do presidente e a postura da maioria dos governadores aliados, além de contraditórias, refletem a convicção de quem subestima a inteligência do contribuinte.
Embora o aumento recente tenha sido, realmente, impulsionado pelo reajuste do ICMS, nada impediria Lula, enquanto chefe da nação, de liderar um movimento junto aos governadores para reverter essa decisão. Por que não? Qual seria o impedimento senão a fome por tributos?
Além disso, foi de Lula e de sua equipe econômica a escolha, ainda no início do mandato, de retomar os impostos federais sobre os combustíveis, revelando o caráter estatista de sua gestão, agora marcada por baixa aprovação.
Enfim, não será com discursos vazios e pouco convincentes que Lula reverterá sua queda de popularidade. É preciso ter ousadia para aliviar o peso sobre o trabalhador, em vez de continuar sustentando com mais impostos uma máquina estatal onerosa e enferrujada.
Quanto aos governadores, resta saber se terão a mesma coragem para enfrentar Lula que demonstraram no passado, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro os criticou abertamente pela disparidade das alíquotas estaduais – crítica essa que resultou na unificação do ICMS em todo o país.
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