Oposição não aceita bafômetro antes das sessões na Câmara de Piancó

A polêmica em torno da compra do bafômetro pelo presidente da Câmara de Vereadores de Piancó, no Sertão, Pedro Aureliano da Silva (PMDB), deve parar na Justiça e no Tribunal de Contas do Estado. O líder da bancada de oposição, José Luiz da Silva (PSD), disse que os cinco vereadores do bloco vão denunciar o dirigente por improbidade administrativa, além de pedir a abertura de um processo interno no Legislativo por quebra de decoro parlamentar, que pode culminar com a cassação do mandato.
Sob a alegação de inibir a bebedeira em plenário e evitar agressões físicas entre os vereadores, Pedro comprou um bafômetro com o objetivo de medir o grau de alcoolemia dos parlamentares pelo teor alcoólico de sua expiração. O kit custou R$ 1.605,00, incluindo 100 refis.

“Vamos protocolar uma denúncia no Tribunal de Contas do Estado e acionar também o Ministério Público e o Poder Judiciário contra o presidente da Câmara. Ele comprou um equipamento cuja utilização não é prevista no regimento interno do Poder Legislativo de Piancó, logo não tem serventia. É jogar dinheiro fora. Além disso, ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo”, explicou José Luiz, mais conhecido como Neguinho Marinheiro.

Internamente, a bancada oposicionista vai pedir abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar. “Ele (Pedro Aureliano) disse que os vereadores participavam das sessões bêbados e que a Câmara era um cabaré. O Parlamento de Piancó é composto por professores e professoras, advogados, servidores públicos e profissionais liberais, todos honrados, e tiveram suas imagens denegridas pelo presidente. Isso é quebra de decoro parlamentar e pode dar cassação de mandato”, justificou o líder oposicionista.

Ele disse que nunca viu vereador bêbado na sessão e que discussões ríspidas são normais em um Parlamento, onde as bancadas são fortes. O bloco governista, que dá sustentação ao prefeiro Sales Lima (DEM), é composto por seis vereadores.

O presidente da Câmara, Pedro Aureliano, não teme processo da oposição no Judiciário nem a denúncia no Tribunal de Contas porque tomou a atitude correta. “Toda a população de Piancó sabe que estou falando a verdade e que tomei uma decisão radical para moralizar a Câmara. Estou pronto para me defender em todas as instâncias”, afirmou o dirigente. Aureliano reafirmou que, em uma determinada sessão, os vereadores tiveram uma discussão ríspida em plenário quando um litro de uísque caiu do bolso do paletó de um parlamentar, provocando revolta da população de Piancó.