POLÍTICA
PF interroga traficante preso durante a eleição
Em interrogatório feito pela Polícia Federal, traficante negou qualquer envolvimento com esquemas de compra de votos em CG.
Publicado em 17/01/2012 às 8:30
Catorze meses depois da prisão do traficante Francisco Clemente dos Santos, o 'Passinho', a Polícia Federal fez ontem o seu primeiro interrogatório e deu prosseguimento às investigações em torno do inquérito 275/2010, que apura a possível existência de relações entre o acusado e a compra de votos durante o processo eleitoral de 2010 em Campina Grande.
De acordo com o delegado Gustavo Vieira Barros, que coordena as investigações, já há elementos que indicam a atuação do traficante nas eleições.
Durante o interrogatório de cerca de duas horas 'Passinho' negou qualquer envolvimento com esquemas de compras de voto. Para conseguir interrogá-lo, o delegado teve de pedir autorização à Vara de Execuções Penais da Capital e ouvir o acusado em uma das celas do Presídio Sílvio Porto, onde ele está preso acusado de tráfico de drogas e de participação em um assassinato no Bairro do Jeremias, em Campina Grande.
“Realmente, pelos elementos que nós temos hoje, eu poderia indiciá-lo, mas prefiro fazer tudo com calma. Temos que ver em quais crimes ele pode ser enquadrado. Nós queremos agora é buscar mais elementos que possam nos levar a descobrir os políticos ou agentes públicos que teriam usado ele na compra de votos. Há muitos indícios da participação de políticos e vários crimes eleitorais, e estamos dando prosseguimento à apuração”, discorreu Gustavo Barros, evitando dar mais detalhes sobre a investigação.
Somente em 2010, mais de 60 inquéritos foram instaurados na Delegacia da Polícia Federal de Campina Grande, para apurar possíveis crimes eleitorais. O inquérito do caso 'Passinho' já foi remetido ao Ministério Público, que devolveu o procedimento à delegacia e deu mais prazo para a conclusão das investigações. O traficante foi preso no Bairro do Jeremias, no mês de outubro de 2010, durante uma operação policial. De acordo com a Polícia Federal, ele estaria sendo investigado pelo crime de tráfico de drogas, mas acabou sendo flagrado com os materiais eleitorais.
Na época, com ele foram apreendidos mais de 100 cópias de títulos eleitorais, contas de energia, panfletos, dinheiro e outros materiais que indicariam a participação dele em crimes como compras de votos.
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