POLÍTICA
PF vê mais seriedade no uso da verba pública
Polícia Federal vê mais seriedade no uso da verba pública repassados para estados e municípios
Publicado em 10/02/2013 às 8:00
O superintendente da Polícia Federal na Paraíba, Marcelo Diniz Cordeiro, vê uma mudança de mentalidade por parte dos gestores, no tocante à aplicação dos recursos públicos, que são repassados para estados e municípios. Ele disse que a criação de uma delegacia especializada no combate ao desvio de verbas públicas tem contribuído para essa mudança. “Nós temos visto que os próprios entes políticos, no caso as prefeituras ou aqueles que eventualmente trabalham com dinheiro público federal, têm tido mais cuidado com o patrimônio público, com a verba que recebem da administração pública federal”, afirmou.
Em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA, ele fez um balanço positivo das operações realizadas pela Polícia Federal durante o ano de 2012. Ao todo, a PF realizou 12 ações de grande e médio porte, que resultaram nas prisões de várias pessoas envolvidas com o desvio de verbas públicas. O superintendente da PF revelou que, em 2013, novas operações serão deflagradas. “Nós já temos ações planejadas e elaboradas para serem executadas no seu devido tempo”, adiantou.
JORNAL DA PARAÍBA - Quais operações importantes o senhor destacaria no ano de 2012?
ENTREVISTADO - Nós tivemos algumas operações de extrema importância no ano de 2012. Podemos citar a operação 'Pão e Circo', a operação 'Logoff', a operação 'Squadre' e a operação 'Amaltéia'. No total, foram 12 operações de grande e médio portes, que proporcionaram a prisão de várias pessoas que estavam envolvidas com o desvio de verbas públicas.
JP - E agora em 2013, haverá um acompanhamento dessas operações?
ENTREVISTADO - Isso depende da Justiça. A Justiça eventualmente pede algumas diligências a mais para complementar as investigações. Esse trabalho é feito por nossas equipes de policiais federais e, logo que há a conclusão, é encaminhado para a Justiça. Para o ano de 2013 nós temos outras ações já planejadas e já elaboradas para serem executadas e com o seu cronograma normal vão ser, no seu devido tempo, implementadas.
JP - Qual a importância que o senhor vê nessas operações, sobretudo no combate à corrupção?
ENTREVISTADO - Nós temos visto que os próprios entes políticos, no caso as prefeituras ou aqueles que eventualmente trabalham com dinheiro público federal, têm tido mais cuidado com o patrimônio público, com a verba que recebem da administração pública federal. O governo federal, quando repassa uma verba, espera que os recursos sejam aplicados da melhor forma nas unidades, nas prefeituras, nas instituições que realmente pegam esse dinheiro. A mentalidade tem sido alterada em razão dessas ações que nós temos implementado, principalmente em razão da criação da Delegacia de Repressão ao Desvio de Verbas Públicas e à Lavagem de Dinheiro, que foi criada na Paraíba em 2012. Isso aí deu um fôlego a mais para a própria superintendência regional da Polícia Federal na Paraíba. A unidade tem feito um bom trabalho e a ideia é que isso continue e se amplie ainda mais.
JP - Como é que essa delegacia está funcionando?
ENTREVISTADO - Essa delegacia foi criada para que realmente possa ter vários especialistas, de ter policiais federais que sejam especialistas na análise do material que possa envolver eventual desvio de recursos públicos. Além disso, nós temos parceiros importantes para que haja uma atuação conjunta como foi a operação 'Pão e Circo', que houve um trabalho conjunto com o Ministério Público do Estado. Temos também a participação da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU), além de outras instituições públicas que realmente têm somado esforços para combater esse mal, que é o desvio de verbas públicas, mas principalmente atender uma prioridade do Estado brasileiro, que é o combate à corrupção.
JP - Houve uma diminuição nos casos de corrupção na Paraíba por conta dessas operações da Polícia Federal?
ENTREVISTADO - Essa pergunta, da forma como foi feita, fica até um pouco difícil de mensurar. O que nós podemos dizer é que mais casos têm aparecido porque mais pessoas têm apresentado denúncias. Com as operações que vêm acontecendo, que vêm sendo divulgadas, isso aí traz mais denúncias de mau emprego de dinheiro público e de lavagem de dinheiro. Como aparece mais denúncias nós conseguimos fazer mais trabalhos.
JP - A população tem colaborado com a Polícia apresentando denúncias?
ENTREVISTADO - Com certeza. Essas denúncias chegam através das instituições públicas parceiras, no caso o Tribunal de Contas da União, a Controladoria Geral da União, o Ministério Público e também o Tribunal de Contas do Estado. Mas também aumentou bastante essa questão de denúncias da população. A população se vê indignada com tanto desvio de verbas públicas, de ver a sua cidade, o seu bairro, ficar à míngua muitas vezes de questões da saúde, educação, saneamento básico e isso deixa o cidadão revoltado com a má aplicação do dinheiro público.
JP - E a compra de votos nas eleições? A Polícia Federal também desenvolveu atividades durante o período eleitoral. Em 2012 houve muitos casos de denúncias de compra de votos?
ENTREVISTADO - Em 2012, nas eleições municipais, nós tivemos um bom trabalho, com o apoio total do Tribunal Regional Eleitoral e a atuação de várias equipes nossas no interior do Estado e aqui também na capital. Com isso, houve um resultado muito expressivo, muito bom e tivemos várias prisões de pessoas que estavam tentando fraudar as eleições através do oferecimento de cesta básica, o oferecimento de alguma coisa que pudesse beneficiar o eleitor em troca dos votos, ou seja, uma forma de compra de votos. Além disso, nós conseguimos transmitir essa segurança para o próprio tribunal, para que os juízes eleitorais conseguissem desenvolver um bom trabalho para que houvesse uma eleição tranquila no segundo turno, principalmente no caso de João Pessoa.
JP - Nas eleições passadas, de 2008 e 2010, existiram também denúncias de compra de votos e até de apreensão de dinheiro. Como é que estão esses casos?
ENTREVISTADO - Todos os casos eleitorais são enviados para a Justiça Eleitoral. Qualquer denúncia dos partidos ou da população é enviada para o juiz eleitoral ou para o promotor eleitoral. Um ou outro requisita a instauração de inquérito na Polícia Federal. A PF instaura o inquérito policial e, com isso, inicia-se a investigação. Uma vez concluído o trabalho, todas as diligências necessárias para identificar se houve ou não o crime e quem foi que o praticou, tudo isso é encaminhado para a Justiça Eleitoral que vai apreciar se é o caso de mandar para o Ministério Público ou se é o caso de arquivar. O Ministério Público também oferece ou não a denúncia e daí vem uma outra fase que é a ação penal.
JP - A parte da Polícia Federal se restringe apenas no período da eleição?
ENTREVISTADO - Durante as eleições e também depois, porque algumas demandas surgem após as eleições e que precisam ser investigadas.
JP - Das eleições de 2012 tem alguma demanda que precisa ser
investigada?
ENTREVISTADO - Existem várias investigações, principalmente de alistamento irregular de eleitor. Foram instaurados mais de 80 inquéritos nesse sentido. Isso está sendo investigado e nós vamos pôr fim a esses inquéritos com as investigações e diligências, em pouco espaço de tempo.
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