Após ter filho confirmado na vice, Daniella quer esquecer retrovisor de críticas e "pensar no futuro"

A política comporta muita coisa. Mudanças de rota, arrodeios discursivos, novas alianças, quebras de acordo... a política brasileira, em especial, é uma atividade essencialmente dinâmica. Mas tudo, evidentemente, tem um limite. Alguns movimentos, quando muito abruptos, chamam atenção.

O caso mais recente, de ontem, na Paraíba, é o posicionamento da senadora Daniella Ribeiro (PSD).

Desde o fim do ano passado havia o indicativo de uma aproximação do grupo Ribeiro com o governador João Azevêdo (PSB). Na época o irmão de Daniella, o deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressistas), buscava ser alçado à condição de candidato a senador na chapa governista.

A candidatura acabou não prosperando.

Naqueles tempos a senadora Daniella Ribeiro, mesmo diante das sinalizações de aproximação, mantinha-se distante do Governo. Evitava vincular o seu nome a uma possível aliança. Fazia críticas, inclusive, à gestão estadual, deixando claro que continuava sendo oposição a Azevêdo.

O tempo avançou e, meses atrás, Aguinaldo oficializou a aliança - anunciando que indicaria o vice na chapa governista. Em outro partido, Daniella não declarou apoio naquele dia - apesar de familiares indicarem que o PSD também iria para a base.

Ontem, somente depois do filho ser oficializado como candidato a vice, a senadora passou a ser aliada do Governo.

"O momento agora é de olhar para frente, pensar no futuro do Estado da Paraíba, de nosso povo", disse Daniella, sugerindo esquecer o retrovisor de críticas feitas, até bem pouco tempo, à gestão estadual.

"Claro que é publico que nós já divergimos no passado sobre as questões do governo. Mas sempre atuamos juntos pelo bem da Paraíba", argumentou a senadora.

Pois bem.

O dinamismo de Daniella e da política salta aos olhos. Ultrapassa, também, os limites de qualquer tentativa de construção de uma narrativa justificável para mudanças de rota e de posição.