PLENO PODER
Áudios mostram dono da Braiscompany orientando quitação de BMW e fazenda antes de Operação da PF; ouça
Antônio Inácio, a esposa e mais 11 pessoas se tornaram réus por conta do esquema operado pela Braiscompany.
Publicado em 08/08/2023 às 18:49 | Atualizado em 09/08/2023 às 11:43
A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) e recebida nesta terça-feira (8) pela 4ª Vara da Justiça Federal na Paraíba, relativa à Operação Halving, é extensa. Em mais de 330 páginas os procuradores relatam em detalhes como funcionava o esquema operado pela Braiscompany.
No total, 13 pessoas foram denunciadas à Justiça. A maior parte delas pela suposta prática de mais de um crime.
No caso dos donos, Antônio Inácio da Silva Neto e Fabrícia Farias, pesam várias acusações – inclusive organização criminosa. Os dois continuam foragidos.
Além deles foram denunciados também Victor Hugo Lima Duarte, Mizael Moreira Silva, Sabrina Mikaelle Lacerda Lima, Arthur Barbosa da Silva, Flávia Farias Campos, Fernanda Farias Campos, Clélio Fernando Cabral do Ó, Felipe Guilherme da Silva Souza, Gesana Rayane Silva, Fabiano Gomes da Silva e Deyverson Rocha Serafim.
Áudios mostram quitação de bens antes da Operação da PF
Na denúncia o MPF relata situações que parecem ser estratégias do proprietário da empresa, Antônio Inácio Neto, em adquirir patrimônio poucos dias antes da deflagração da primeira fase da Operação Halving, desencadeada em 26 de fevereiro. A ação foi a primeira ostensiva da investigação.
Em um áudio obtido pela Polícia Federal, ele orienta uma de suas cunhadas, Flávia Farias Campos, a quitar um veículo BMW. O diálogo teria ocorrido, conforme a PF, no dia 10 de fevereiro.
Ouça:
Flávia Campos é uma das denunciadas pelo MPF.
Conforme os investigadores ela “beneficiou-se diretamente da atividade ilícita da empresa comandada por sua irmã e seu cunhado. Consta que ela recebeu, em sua carteira na Binance, valores superiores a R$ 463.000,00. |Em sua oitiva policial, Flávia Campos afirmou que a sua remuneração era de R$ 20.000,00, montante bastante significativo para a realidade de Campina Grande. Por fim, circulava na cidade em um veículo BMW X1, apreendido nos autos n. 0800369-14.2023.4.05.8201 e avaliado, segundo a tabela Fipe, em aproximadamente R$ 180.000,00”.
Dois dias antes (em 8 de fevereiro) um outro áudio interceptado pela Polícia Federal mostra Antônio Neto orientando Felipe Souza a quitar uma fazenda, esposo de Fernanda Farias Campos – irmã de Fabrícia Farias.
Ouça:
Conforme a denúncia, Antônio Neto diz a Felipe que ele precisa “trabalhar a quitação da fazenda” para deixar no seu nome, porque Felipe Souza precisa estar com recursos, carro e patrimônio porque os próximos três meses serão de turbulência”.
“Você está guardado, você é meu, você e Fernanda, nada vai nos tocar”, diz.
Felipe também é um dos 13 denunciados pelo MPF. Conforme as investigações ele “auxiliou materialmente a operação da instituição financeira, atuando como gerente select (nível mais alto dentro da estrutura dos consultores – brokers). De acordo com a planilha apreendida no e-mail financeiro da empresa Braiscompany, ele possuía carteira de mais de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões)”.
Compra de imóvel milionário
Durante a investigação a PF também encontrou um contrato que revela a compra milionária de um imóvel no bairro Morumbi, em São Paulo. O casal Antônio Inácio da Silva Neto e Fabrícia Farias teriam comprado uma mansão avaliada em R$ 12 milhões.
Do montante R$ 6 milhões seriam pagos em contratos de criptomoedas e o restante em dinheiro.
Meses atrás a Justiça Federal mandou a leilão bens móveis apreendidos durante a investigação. Alguns imóveis, localizados na região de Campina Grande, também tinham sido colocados na lista, mas foram retirados por uma decisão de um dos desembargadores do TRF5. Um deles, uma casa, foi avaliada em R$ 2,8 milhões.
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A investigação na Braiscompany
A operação investiga uma movimentação financeira de R$ 2 bilhões feita pela Braiscompany em criptoativos. Dois mandados de prisão foram expedidos tendo como alvos o empresário, Antônio Neto, e a esposa dele, Fabrícia Farias Campos. Os dois continuam foragidos.
Na operação a Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e a suspensão parcial das atividades da empresa.
Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campina Grande, João Pessoa e São Paulo – na primeira fase.
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