PLENO PODER
Com desistência de Pedro, grupo Cunha Lima pode interromper ciclo de 35 anos de disputas na PB
Presença da família em disputas majoritárias estaduais teve início com Ronaldo em 1990
Publicado em 09/12/2025 às 20:53

O ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD) anunciou hoje que não disputará cargo eletivo no próximo ano. Optou por se dedicar à carreira acadêmica. Quem acompanha o cotidiano da política paraibana já tinha certeza que a pré-candidatura dele, mantida oficialmente até hoje, já havia sucumbido diante da força da política marcada por cargos, canetas e Emendas.
O próprio Pedro, semanas atrás, tinha feito um desabafo sobre as dificuldades de manter de pé um projeto sem estar no exercício de um mandato.
A dúvida que restava era, na verdade, em qual posição e chapa majoritária ele estaria - após ter saído das urnas em 2022 com mais de 1,1 milhão de votos, quando disputou o Governo.
Além dos impactos imediatos no xadrez político paraibano, a desistência também pode demarcar um novo momento. Após 35 anos ininterruptos de disputas pela hegemonia da política estadual, o grupo Cunha Lima pode chegar em 2026 sem um nome como protagonista nas eleições majoritárias.
Desde 1990, quando o ex-governador Ronaldo Cunha Lima foi eleito para governar a Paraíba, que o sobrenome manteve-se nos embates.
Em 1994 Ronaldo foi eleito senador.
Quatro anos depois, o grupo não teve um nome nas chapas majoritárias, mas por um impedimento partidário, quando o ex-governador José Maranhão conseguiu ter o comando do MDB. Naquele momento, contudo, a convenção partidária emedebista foi considerada a principal disputa da política estadual.
Já em 2002 foi a vez de um novo integrante da família ascender.
Filho de Ronaldo, Cássio foi eleito governador do Estado e depois reeleito em 2006. Nas eleições estaduais seguintes Cunha Lima conquistou uma cadeira no Senado (2010) e disputou posteriormente as eleições em 2014 e 2018, não obtendo êxito. Em 2022, no último embate estadual que tivemos, Pedro foi lançado à disputa.
Para 2026 a família tinha em Pedro o principal nome. O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (UB), que poderia ser uma opção, enfrenta uma crise prolongada na gestão que o afasta dessa possibilidade; enquanto Cássio tem repetido que se manterá longe dos confrontos eleitorais. Há ainda o nome do ex-vice-prefeito de Campina, Ronaldo Filho, mas sem o mesmo 'capital político' que os demais.
No anúncio que fez hoje Pedro afirmou que não irá se desligar completamente da política. E o seu apoio é objeto de desejo do prefeito da Capital, Cícero Lucena (MDB), e do senador Efraim Filho (UB), ambos pré-candidatos da oposição.
O fato, porém, é que o grupo chegará ao fim deste ano com uma forte probabilidade de ter interrompido o ciclo. E na política há uma regra básica: não há espaço vazio...

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