PLENO PODER
Eleitoreiro, empréstimo consignado do Auxílio Brasil deverá criar 'exército' de endividados
Empréstimos terão juros de até 3,5% ao mês
Publicado em 27/09/2022 às 10:33 | Atualizado em 27/09/2022 às 12:00
Não bastasse ter ampliado meses antes da eleição de R$ 400 para R$ 600 o valor pago no Auxílio Brasil, de olho no voto dos beneficiários, o Governo decidiu agora ampliar a aposta eleitoreira do presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma portaria publicada hoje no Diário Oficial da União regulamenta a concessão de empréstimos consignados para quem recebe o benefício.
A medida deverá criar um verdadeiro 'exército' de endividados e aprofundar, ainda mais, as dificuldades financeiras das famílias.
E por um motivo claro. Os recursos servem para garantir a sobrevivência de milhões de famílias brasileiras e elas, dificilmente, conseguirão retirar desses valores dezenas de parcelas com juros elevados.
No empréstimo o desconto é direto na fonte.
Os beneficiários poderão contrair parcelas que comprometam até 40% do valor mensal do benefício. Mas em vez de ser considerado o valor de R$ 600, que só vale até dezembro, valerá o de R$ 400. Assim, o valor da parcela será de no máximo R$ 160.
E para completar: a taxa de juros cobrada pelos bancos poderá chegar a 3,5% ao mês.
O percentual é bem maior que os empréstimos concedidos a trabalhadores do setor privado: 2,61%. É também superior ao índice cobrado para trabalhadores do setor público: 1,70%; assim como para aposentados e pensionistas do INSS (1,97%).
De acordo com as regras, se o benefício for cancelado, o empréstimo não será cancelado.
Ou seja, mesmo se deixar de receber o benefício do Auxílio Brasil, o beneficiário precisa se organizar para pagar todo os meses o empréstimo até o final do prazo do contrato, depositando na sua conta o valor da parcela.
Os empréstimos são um 'cavalo de troia'. Parecem presentes bonzinhos e bem intencionados, mas apertarão os orçamentos familiares de milhões de beneficiários. Um presente de grego de Bolsonaro...
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