PLENO PODER
Ida de padre ao Gaeco, sem depoimento agendado, é jogo de cena da defesa
Publicado em 06/10/2023 às 11:04 | Atualizado em 06/10/2023 às 11:28
Um dia após ser alvo de buscas na Operação Indignus, o padre e ex-diretor do Hospital Padre Zé, Egídio de Carvalho Neto, foi à sede do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Sem nenhum agendamento ou requisição por parte dos investigadores, nesse momento, ele compareceu ao local acompanhado de advogados.
A informação foi, coincidentemente, repassada à parte da imprensa. O objetivo é claro: demonstrar que o padre estaria disposto a colaborar com as investigações.
Mas a forma como a estratégia foi adotada pela defesa, porém, causa estranheza. Se a finalidade era essa, por que então comparecer ao Ministério Público sem agendamento prévio?
Até porque sabe-se que, durante a fase de inquérito, não há a obrigatoriedade de ouvir investigados no procedimento. E cabe às autoridades, sejam elas delegados de polícia ou promotores, decidirem sobre a conveniência do melhor momento para coletar novas provas - inclusive depoimentos.
Dito isso, a análise não pode ser outra. A ida do padre ao Gaeco pareceu muito jogo de cena. Uma estratégia da defesa. Nada muito além disso.
Em tempo
Em contato com o Blog, a defesa do padre Egídio informou que ele compareceu ao Gaeco para entregar o seu aparelho celular, espontaneamente, além de demonstrar o interesse de colaborar com a investigação.
Isso não muda, em absolutamente nada, a leitura feita pelo Blog do fato.
A investigação do Gaeco
A Força Tarefa composta pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado – GAECO – pela Polícia Civil, Secretaria de Estado da Fazenda da Paraíba e pela Controladoria-Geral do Estado desencadeou a “Operação Indignus”.
A ação objetiva apurar os fatos que indicam possíveis condutas criminosas ocorridas no âmbito do Instituto São José, do Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana/ASA, no município de João Pessoa–PB, em que as informações descrevem possíveis desvios de recursos públicos destinados a fins específicos, por meio da falsificação de documentos e pagamento de propinas a funcionários vinculados às referidas entidades.
A investigação aponta para uma absoluta e completa confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade das referidas pessoas jurídicas com um dos investigados, com uma considerável relação de imóveis atribuídos, aparentemente sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão, adornados e reformados com produtos de excelentes marcas de valores agregados altos.
As condutas indicam a prática, em princípio, dos delitos de organização criminosa, lavagem de capitais, peculato e falsificação de documentos públicos e privados
Estão sendo cumpridos 11 mandados judiciais de busca e apreensão, em endereços de três investigados, sendo 8 (oito) na cidade de João Pessoa-PB, 1 (um) na cidade de Conde-PB e 2 (dois) na cidade de São Paulo-SP.
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